Representantes dos atingidos pela Barragem de Fundão vão
a Londres hoje, 5 de novembro, data em que se completa 3 anos do desastre,
apresentar carta reivindicações em encontros com acionistas da BHP Biliton,
parlamentares britânicos, ONGs e veículos de imprensa. A ação está sendo
apoiada pelo Centro de Informação sobre Empresas e Direitos Humanos, Cáritas
Brasileira e Fundação Ford.
O objetivo é tratar diretamente com as pessoas que tomam
as decisões, visto que sentem atraso no cumprimento de seus direitos, uma vez
que até hoje todas as medidas tomadas foram apenas emergenciais e sentem falta
de participação popular na tomada de decisões. O desejo dos atingidos é que os
poderes públicos garantam solução efetiva dos donos, cobrando das empresas um
processo de reparação que contemple todos os passos previstos pela Organização
das Nações Unidas e pelo Sistema Interamericano de Direitos.
Mais de 1,2 milhões de pessoas foram atingidas, em
diferentes níveis, pela lama de rejeito que sobreveio naquele dia 5, todavia,
segundo o Jornal O Globo, apenas uma das 67 multas aplicadas pelos órgãos
reguladores começou a ser paga, o que corresponde a menos de 5% dos R$535,9
milhões devidos pela Samarco.
Além de multas de reparo dos mais diversos danos
causados, as empresas respondem judicialmente ao crime de homicídio com dolo
eventual, em que se sabe do risco de matar, além dos crimes ambientais, de
lesão corporal, desabamento, inundação, além de apresentação de laudo ambiental
falso por parte de uma terceirizada.
Na região de Mariana, os atingidos reclamam que nem todas as ações são realizadas com sua participação e nem todas as famílias atingidas estão recebendo os auxílios emergenciais, precisando recorrer judicialmente em favor do recebimento. Alegam que é preciso que sejam integrantes de todo o processo de decisão e desenvolvimento dos mecanismos de reparação e não apenas meras destinatárias.
Com a viagem a Londres, a espera é que seus anseios
passem a ser ouvidos e a situação caminhe em direção à solução. Segundo o G1, a
Fundação Renova se manifestou afirmando que as queixas levantadas já vem sendo
tratadas com comprometimento.