Próximos
a um dos aniversários mais traumáticos da história, a população que sofreu
diretamente as consequências dos impactos ambientais ocorridos em novembro de
2015, ainda sentem os efeitos do caso. A depressão, agora, é outra barreira que
os moradores dos distritos prejudicados pelo rompimento da Barragem de Fundão
têm de enfrentar.
Segundo
um estudo realizado pelo projeto Prisma (Práticas Interdisciplinares em Saúde
Mental na Academia), vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (Ufmg),
junto ao Cáritas (entidade que atua junto à população em busca da representação
dos Direitos Humanos), 30% da população atingida pelo desastre apresenta quadro
de depressão. Para chegar neste resultado, um questionário foi aplicado para
271 pessoas, sendo 225 adultos, e 46 jovens ou adolescentes. No total, 479
pessoas foram solicitadas realizar as respostas, porém, muitas se recusaram,
alegando medo ou outro motivo.
Diversos
fatores contribuem para esta nova condição da população. A perda de seu local
de identidade e a falta convivência com as pessoas que faziam parte de seu
cotidiano são fatores de extrema importância e que devem ser levadas em
consideração. Cada detalhe merece ser lembrado. Há pessoas que perderam, além
de casas, áreas de plantações, empregos, comércios, animais de estimação. Tudo
isso atua de modo a potencializar um possível diagnóstico de depressão por
parte dos atingidos.
Além
das questões afetivas e pessoais, a saúde da população que sofreu com o
acontecimento, também, é colocada em pauta. Diversos veículos de comunicação
realizaram reportagens alertando sobre o alto risco de contaminação da
população, em função da grande quantidade de rejeitos maléficos à saúde que
foram liberados junto à lama, no momento do rompimento da barragem.
Uma
das grandes reclamações, por meio dos atingidos, é a questão da adaptação à
cidade de Mariana, haja vista que, ao perderem suas propriedades em seus
distritos, muitas famílias foram realocadas para a cidade mineira. Parte das
pessoas realocadas denuncia o preconceito da população marianense para com
eles. Existe, ainda, a dificuldade de se encontrar empregos nas áreas em que
atuavam em um momento anterior a 2015.
As
dificuldades estão, de fato, nos mínimos detalhes, e, assim, deve-se dar
atenção a cada minúcia, pois, apenas quem viveu aquele momento na pele, de
fato, sabe, de fato, qual é a sensação.