A galeria do Cine Teatro Mariana - antigo SESI - está passando por uma transformação. As intervenções integram o projeto de revitalização da Praça Gomes Freire, porém estão sendo realizadas pela Prefeitura de Mariana e não pela Fundação Renova como as demais obras.
Na última semana, circularam questionamentos nas redes sociais acerca do que se tornaria o espaço. Alguns internautas disseminaram a teoria de que seria construído um banheiro público no local, contudo a Prefeitura negou e esclareceu por meio de um comunicado que esta ideia seria fruto de notícias falsas.
"A administração pública informa que o Cine Teatro Mariana NÃO será transformado em banheiro público. No local da galeria de arte, será construída uma área de café, com espaço pra leitura e, aos fundos, terá um banheiro. Para uso deste banheiro será cobrada uma taxa."
De um lado, a Prefeitura ressalta a importância das reformas. De outro, os artistas se mostram insatisfeitos com a possibilidade de que o local fosse deteriorado. Alguns artistas de Mariana se posicionaram, questionando as reformas. A artista plural Andreia Donadon Leal publicou um desabafo em seu Facebook, em que questiona a reforma e a falta de incentivo aos artistas locais:
“(...) Aquele espaço de exposições do anexo do cine teatro Mariana foi a realização de uma ideia do grande professor, cidadão que amou esta cidade como poucos, José Arnaldo Coêlho de Aguiar, que não era apenas professor de história da arte, mas um defensor da arte do passado e incentivador dos artistas do presente. Acabar com esse espaço de exposições artísticas existente em Mariana, é ato irresponsável do poder público (...)”
Mãe de Minas Gerais e berço de grandes artistas como Mestre Athaíde, grande pintor barroco, Mariana tem o seu centro histórico tombado pelo Iphan desde 1945. Seu acervo arquitetônico e seus espaços de propagação da arte e da cultura fazem parte da preocupação dos filhos da primaz, que anseiam cuidar do local de suas raízes.
Eduardo Campos, formado em Belas Artes pela UFMG e artista plástico há 35 anos, também se posicionou em uma entrevista concedida ao Portal da Cidade: “Causa sim uma indignação à classe artística de Mariana. Não apenas a ela, mas nós que conhecemos a história da arte de Mariana. O prédio é do final dos anos XX em estilo Art Déco, tombado pelo Patrimônio Histórico. Isso assusta a gente um pouco pelo que está acontecendo com Mariana no geral, a transformação que o Jardim está sofrendo. (...)", afirma.
O Portal da Cidade de Mariana entrou em contato com o Departamento de Comunicação da Prefeitura de Mariana para buscar maiores informações, recebendo um esclarecimento do Secretário de Cultura, Patrimônio Histórico, Turismo, Esportes e Lazer, Efraim Rocha:
“Há um déficit muito grande em Mariana de sanitários públicos, tanto para atender à comunidade como ao turismo. Os sanitários do Teatro Mariana são de difícil acessibilidade, pois situam-se no andar superior, com escadas e degraus para acesso, além de serem muito limitados se comparados à capacidade do público.
Os sanitários que se pretende construir na parte térrea do “Anexo ao Teatro”, atenderão às demandas do Teatro e também do Turismo e da população marianense.
Não haverá nenhuma intervenção externa. Será mantida toda estrutura e fachada externa do “Anexo ao Teatro”.
Os sanitários serão construídos em ótimo nível de acabamento e a proposta de sua exploração, mediante chamamento público de empresas interessadas, poderá garantir a sua constante qualidade de atendimento.
A expectativa é de que a empresa vencedora do chamamento público, possa explorar no pátio externo, mediante a utilização de mesas com ombrelones, alguma atividade como a sugerida de um “Café” (mas não necessariamente um café; uma sorveteria, por exemplo), haja vista que os sanitários se situarão ao fundo do “Anexo ao Teatro”, havendo espaço à frente para a instalação de atendimento e visto que há espaço de cozinha no subsolo do mesmo “Anexo ao Teatro”.
A “Galeria de Arte”, não deixará de existir. Passará a funcionar no andar superior do “Anexo ao Teatro”, num espaço mais amplo e melhor adequado, iluminado e ventilado. Reserva-se, na obra de reforma, o espaço para instalação futura de um elevador, permitindo o acesso ao andar superior à todas as pessoas.
Por tanto, não se trata de restringir as atividades do Teatro, mas sim de ampliá-las, oferecendo mais conforto aos seus frequentadores e dotando a cidade, perto de sua nova Praça Gomes Freire (não será mais adequado ter banheiros químicos todos os finais de semana na praça), de um equipamento público essencial e há muito pleiteado.”
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