“Mariana, 30 de maio de 2020”
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Essa produção poderia ser uma carta para o divino… buscando entender o que aconteceu com a nossa cidade, o que vem provocando tantas intempéries. Loucura na saúde, loucura na política, loucura na educação, loucura no social. As pessoas andam pelas ruas com um pesar, se olhando com medo e desconfiança. Saem para buscar suprimentos, na metade do caminho já nem se sabe o que, de fato, está precisando. É necessário anotar, listas e mais listas… mas como listar as vidas que se perdem? Como listar quem consegue viver assim e quem não? Como listar os que respeitam as recomendações e os que simplesmente não se importam?
É curioso como catástrofes podem despertar o pior nas pessoas, do mais rico ao mais pobre - tanto de recursos quanto de essência. Em uma semana, incontáveis casos da doença que nos fez voltar ao nosso interior. Bizarrices no legislativo. “A população tem que engolir”. Mas tem mesmo? Situações assim despertam opiniões controversas, mas isso pode ser um combustível para despertar consciências, no plural mesmo! Consciência social, política, histórica, pessoal…
Para viver em Mariana, especialmente nas circunstâncias atuais, há uma demanda de fé. E não necessariamente atrelada aos processos religiosos que, para muitos, representam pílulas de conforto e bem estar. É necessário fé de que dias melhores virão, sem lama. Fé de que os três poderes estão indo além da simples autoridade, tangenciando a capacidade... Será? Fé de que somos importantes, somos pessoas com nossas respectivas necessidades e subjetividades, não sendo apenas “números em um flyer”. Fé de que a cidade voltará a ser aquele delicioso “domingo ensolarado no Jardim”. Fé, de tudo, para todos.
Que possamos repetir, diária e incansavelmente, o mantra: “Coragem, perseverança, paciência…”. Que possamos nos orgulhar de nós mesmos, de como estamos passando por tudo isso. Que possamos entender que lutamos e nos sobressaímos todos os dias. Que possamos entender que nossas vidas não são decepcionantes, mas o que o desespero pode fazer com elas é.
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