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Dia do Poeta

Andreia Donadon Leal, poetisa residente em Mariana, fala sobre arte e poesia

Entrevista com a poetisa e artista multidisciplinar residente em Mariana, Andreia Donadon Leal - Mestre em Estudos Literários pela UFV.

Publicado em 20/10/2020 às 05:50
Atualizado em

Andreia Donadon Leal (Foto: Portal da Cidade de Mariana via Rede Social)

O Dia do Poeta é celebrado todo ano em 20 de outubro. A data celebra o artista, que deve ser reconhecido como tal, enquanto escritor que faz recurso de criatividade, imaginação e sensibilidade para traduzir suas subjetividades em versos.

Assim, o Portal da Cidade entrevistou Andreia Donadon Leal, formada em Letras pela UFOP e Especialista em Artes Plásticas pela PUC, além de Mestre em Estudos Literários pela UFV e, atualmente, Estudante de Clínica Psicanalítica.

Andreia é criadora da aldravia e das Quintas e idealizadora do Projeto Poesia Viva: a poesia bate à sua porta (projeto vencedor do Prêmio VivaLeitura do Ministério da Educação e do MINC).

PCM: Como é ser poeta nos tempos contemporâneos? Quais os maiores desafios?

Andreia: Poeta é sempre ser contemporâneo; retrata e filma sua época; por isso tem o desafio de lidar com a censura, preconceitos e os descontentamentos de poderosos.

PCM: Como surgiu e qual a ideia por trás do movimento aldravista?

Andreia: O movimento aldravista surgiu da reunião de poetas e filósofos no ano de 2000 em Mariana, com o intuito de produzir e divulgar literatura e arte em um jornal literário - o Jornal Aldrava Cultural -, mas em pouco tempo se percebeu que havia mais que uma editoria de jornal, era um grupo de intelectuais pensando literatura e arte, o que em 2002 foi denominado Movimento Artístico - o Aldravismo, com uma literatura do sujeito; aquela em que o poeta autoriza o leitor a ser coparticipante de sua criação, dando à obra a interpretação que está ao seu alcance.

Em 2010, o Aldravismo atingiu o ápice de um Movimento legitimamente literário e artístico, através da criação da primeira forma de poesia brasileira, a ALDRAVIA, e estendeu o uso da metonímia (figura de linguagem) nas Artes Plásticas. Atualmente o Movimento de Arte Aldravista faz parte de artigos, ensaios, dissertações de mestrado e teses de doutorado.

PCM: Como é ser uma mulher, artista e poeta em Mariana?

Andreia: Tenho a felicidade de ser autônoma em minhas criações artísticas e literárias, não dependendo de tutela de poderes públicos.

Essa autonomia permitiu que eu encontrasse respaldo e reconhecimento em jornais, escolas, universidades e entidades culturais de Mariana, Juiz de Fora, São João Nepomuceno, Belo Horizonte, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Brasília, Portugal e Chile (entre outros), mesmo ignorada pelo poder público da cidade.

Destaco que fui acolhida e muito respeitada no seio do Movimento Aldravista, tendo nesse movimento suporte teórico, conceitual e logístico para minhas produções e mídias de divulgações.

PCM: Quais ações podem e devem ser tomadas pelos poetas para fomentar a cultura e a produção literária no município?

Andreia: Como a poesia é um produto político, que incomoda sobremaneira os poderes constituídos, pouco os poetas podem fazer ligados aos poderes.

A forma mais adequada da atuação dos poetas é aquela que garante sua autonomia criativa e de circulação nos meios sociais, sem interferência dos poderes.

Daí, o que se espera dos poetas é criação. Se um poder constituído achar conveniente adquirir um produto de poeta local para ser trabalhado, por exemplo, em escolas, pode fazê-lo sem a vinculação do nome desse poeta aos projetos políticos eleitorais.


Andreia é autora de 16 livros de poesia/contos/crônicas/ensaios/aldravia/romance, palestrante e oficineira. Recebeu medalha da Universidade Federal de Ouro Preto pelos relevantes serviços prestados à Educação; medalha da Inconfidência/Dia de Minas/Troféu Rio - União Brasileira dos Escritores (Academia Brasileira de Letras), dentre outras premiações.

Para além, é presidente da ALACIB-MARIANA/ da Academia Brasileira de Autores Aldravianistas INFANTOJUVENIL. Academias mirins com representações em: Mariana, Santa Bárbara, Ipatinga, Santos Dumont, São João Nepomuceno, Blumenau, Portugal, Rio de Janeiro, São Paulo (etc).

Foi vencedora do Concurso Nacional de Literatura de Manaus com o Livro de ensaios: Aldravismo: movimento mineiro do século XXI e do Concurso Internacional de Artes Plásticas na Espanha da Secretaria de Matacena.

Trabalha com projetos de incentivo à leitura e à produção literária em Redes Municipais e particulares de Ensino. Atua em projetos de incentivo à leitura e à produção literária em Redes Municipais e particulares de Ensino e é Membro efetivo da Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes; ALACIB-MARIANA, da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, da Academia Feminina Mineira de Letras e da Academia Portuguesa de Ex-libris. Trabalha com Aldravinturas e já expôs seus produtos na Espanha, França, Argentina, China, Chile, Tailândia, EUA, Portugal, Croácia.

Confira uma de suas poesias: 

MARIANA

Ouviram das ruas de mariana

badalos festivos de sinos

macios

puros

divinos

e-ternas

vozes de crianças.


Ouviram da rachadura do céu

sincopada banda do mestre Gegê

canto de anjos

gorjeio uníssono de pintassilgos

sabiás e bem-te-vis.

durão!

cláudio!

alphonsus!

ecos poéticos

inversa canção:

zumbidos soprados

v e n t o s declamados

Ouviram das montanhas de minas


No céu

na terra

nas montanhas

no Ribeirão do Carmo

ouviram diversas vozes

em som retumbante:

- Mariana/

Cellula Mater de Minas!


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