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Crônica

Final de Ano

Andreia Donadon Leal - Mestre em Literatura pela UFV

Publicado em 26/12/2018 às 00:36
Atualizado em

(Foto: Google Imagens)

Final de ano é correria e estresse à flor da pele. Dezembro traz consigo o resumo e o balanço do que concluímos ou não, no transcurso do ano.

Para estudantes que não conseguiram alcançar notas mínimas para aprovação, a maratona é correr atrás do prejuízo em parcos dias. É necessário heroísmo, para não dizer, milagre. Aprender, termo intransitivo e sem “remendos”, é colocado em última instância no cenário da educação contemporânea, que prioriza altos índices de aprovação.

“Quem não rezou durante toda vida, pouco ou nada adianta na morte”. Este velho jargão é aplicável à Educação Nacional, infelizmente. Mas este não é o assunto principal do texto. Ele vem como pano de fundo para reflexões e, quem sabe, ações eficazes que priorizem o aprendizado eficiente (e não deficiente), seja em quaisquer áreas de conhecimento, de concentração, de pesquisa e em todos os níveis de escolaridade.

A correria continua pelas ruas. Muitos transeuntes à procura de presentes, de liquidações, de móveis e imóveis novos, de empregos temporários, de oportunidades, e quem sabe, novos amores... Tudo é possível nessa época impregnada de romantismo, de boas ações e intenções, mas de um irrealismo contagioso e histórico.  Árvores são montadas nos jardins e nas salas de estar de casas e praças; luzes enfeitam e iluminam o cenário urbano, com objetivo de tocar a sensibilidade e inserir o espírito natalino nos seres humanos.  Final de ano é e sempre será necessário para desejos, vontades, sonhos e projetos. Pais almejam que seus filhos passem no vestibular ou de uma série para outra; algumas famílias trocam de automóveis, de casas; outros viajam para o litoral, cidades interioranas ou outros recantos; os mais abastados fazem um tour pelo mundo estrangeiro.

As festas de final de ano reúnem famílias (deveriam também unir) para celebrar o Natal, despedir do ano que se finda e dar boas-vindas ao que se desponta. Desejos e sonhos não concretizados continuam fazendo parte da lista de pedidos, mas uns são deletados e outros inseridos. O ritual também é o mesmo: alguns mudam de planos, outros não. Crentes vão à missa do galo ou em outras celebrações para agradecer e pedir aos santos, orixás, curandeiros, pais de santos, bênçãos.

Que o ano que se despontará na virada dos ponteiros do relógio, no show pirotécnico dos fogos de artifício, no olhar esperançoso de uma criança, no abraço amigo, também seja capaz de unir energias positivas a todos os recônditos do mundo; para uma caminhada melhor, obviamente, pois continuo tendo a impressão de que nossos desejos e necessidades coletivas (educação de qualidade, atendimento eficiente nos hospitais do SUS e postos de saúde; boas políticas públicas para todas as áreas; segurança, moradia e salário digno para uma vida salutar de todos) continuam ainda sendo sonhos nas mentes calejadas sempre à espera de que as coisas comecem a melhorar, em cada ano que se finda e no que se desponta.

 

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