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Crônica

Ganhamos novo conceito para hábito saudável de higiene

Confira a crônica de Andreia Donadon Leal - Mestre em Literatura pela UFV

Publicado em 19/04/2020 às 04:00
Atualizado em

(Foto: Pixabay)

Ambulâncias nas rodovias. Sirenes insistentes. Vizinhos nas janelas. Nenhuma criança na rua. Escolas vazias. Ora leio, ora miro o movimento continuado de automóveis na rodovia logo ali. Respiramos tristezas com pulmões amedrontados. Andamos desconfiados de sombras e luzes. Pandemia, óbitos, quarentena, monitorados e investigados são pautas materializadas. Não creio piamente nos índices. Depressão e crises de pânico nos quatro cantos. Discursos de ódio; discursos de paz. Preços do álcool em gel descolado da geosfera terrestre; máscaras de proteção descolam-se dos black-blocs e compõem visual comum nas ruas; sabões aliam perfume, suavidade e proteção antiviral. Capitalismo virulento! Mais mortes na Primaz e no mundo. Gestores preocupados com flexibilização do isolamento social, enquanto morre mais gente. Infinitivo 'flexibilizar' mostra-se vulnerável e finito. Esqueceram de usar máscaras, desrespeitam o distanciamento social, mostram imagens na LIVE. Mais de treze milhões de brasileiros vivem em periferias, sem saneamento, água e higiene básica. Vão lavar as mãos com que, se falta água! Com pó e poeira do chão? Ou com álcool em gel doado por político de alma desinteressada? Álcool em gel vai suprir a falta de água? Duvido que o poder público dá conta dessa demanda! O povo menos favorecido que se esbalde com seiscentos reais. Onde estão os heróis que correm atrás de uma bola? Heróis são os profissionais da saúde que encaram um batalhão de enfermos, driblando um dos maiores inimigos do planeta. O sabichão, metido a médico aviador de remédios, caminha despreocupadamente com seguranças, ovacionado por seus asseclas acéfalos. Repique de panelas; prisão por exercer a liberdade de ir e vir; falta de respeito ao trabalho jornalístico. Isolados 'por um fio' sentem falta das escolas de seus filhos. Santos educadores! Que falta faz a Educação. Aprendizagem remota (não é Educação a Distância!) é desafio a ser trilhado nesta pandemia. O Ensino precisa ser reinventado, refletido e estudado, sem criar medidas improvisadas e impensadas: quantos alunos têm acesso à internet, à tecnologia e quantos têm computador em casa, quantos vivem em distritos ou áreas rurais? Pode parecer piegas, mas estudar é a melhor saída para todos os tempos, especialmente na Pandemia. Não é hora de despejar avalanches de vídeos e textos aleatórios para os estudantes. É momento de diálogo e troca de experiências para conviver com a nova realidade. Não é fácil ficar trancafiado em casa. Mas é necessário APRENDER a FICAR EM CASA, até que a minúscula criatura envolvida em gordura pare de procurar hospedeiro grande, bobo e fraco e se dissolva nas toneladas de álcool, sabonetes e hipoclorito de sódio, que passaram a fazer parte do cotidiano. Lamento profundamente as perdas, mas o mundo está ganhando um novo conceito para hábito saudável de higiene!


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