Portal da Cidade Mariana

Crônica

Leia a Crônica de Andreia Donadon Leal, artista residente em Mariana

"E se... e se..." por Andreia Donadon Leal, mestre em literatura pela UFV.

Publicado em 06/12/2020 às 05:30

(Foto: Pixabay)

E se... e se...

"E se, e se" é reconhecida a produção literária do poeta mineiro, Gabriel Bicalho. Incompletude discursiva na poesia ao modo, gosto e interpretação textual do sujeito. Não há dúvida em relação ao jogo melódico das palavras implicadas na provocação do "se", nos versos univocabulares do exímio escritor. Acalmem os ânimos e corações, o segundo matrimônio pode ser pior do que o primeiro! Sob pedras há mais pedras. O mesmo sol que dá câncer de pele repõe vitamina D. Os paradoxos se aproximam, razão e emoção se complementam ou se distanciam. Na lista de candidatos a prefeito, ninguém é flor que se cheire. Se posso votar em branco, por que votar em A, B ou C? Se posso anular meu voto, por que votar em branco? Se posso não votar, justificando, por que voto obrigatório? Quem tem razão: o edil de "se as máscaras ajudam, por que então um metro e meio de distância"? Se a distância e as máscaras ajudam, por que o confinamento? O jovem não entendeu bulhufas. Se não usa máscara em casa, por quê? Se a vacina é isto ou aquilo... Porquê, porquê... Se, se... Logo, se tenho liberdade de fazer questionamentos pouco relevantes para a vida diária, no entanto fundamentais à literatura, lanço as dúvidas: se o uso de benzodiazepínicos causa Alzheimer, por que o Rivotril, Diazepan, Alprazolan, Mifazolam, etc? Se risco de morte em cirurgia plástica, por que a cirurgia? Se dores musculares, por que Sinvastatina? Se corro o risco de morrer depois de uma intervenção cirúrgica, por que a cirurgia? Se tanto efeito colateral, por que drogas lícitas? Se posso gripar, por que tomar banho despido? Se fumar causa câncer e outras comorbidades, por que cigarro é droga lícita? A literatura nos coloca na pele de personagens bobos ou brilhantes. Permite voar de pés no asfalto ou deitados sobre um livro. Não acrescentarei nada à labuta rasa da Medicina na descoberta da vacina, com questionamentos infantis de "se isto ou aquilo." Talvez à espera de momentos de leitura que levem ao riso, relaxamento ou introspeção. Não queria sair de casa, mas tenho que comer. Comer implica: sair para fazer compras. Não queria discutir com ninguém, porém devo marcar meu território: distanciamento. Penso, existo, me enervo com escândalos, patifarias, injustiças e covardias. A fome me embrulha o estômago! E se, e se... Espero que faça sol ou frio, porque a liberdade de ser quente ou frio é do tempo. Espero que descubram vacina e medicação eficazes para a COVID-19. Inúmeros pesquisadores atravessam noites infindáveis testando fórmulas para combater o vírus quitador de vidas, encontros, abraços, afagos... As regras de segurança, uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento social não saíram de ideias vazias, questionamentos tolos, bolas mágicas ou falta do que pensar/falar. A imbecilidade será marca registrada deste e de outros momentos da história. Não me restam dúvidas. Bem escreveu Mia Couto: a imbecilidade não será vencida num virar de folha. Questionar é ato de liberdade, independentemente se imbecil ou não. Se não posso marcar a história com genialidade, por que não usar e abusar da imbecilidade para manifestar minha indignação? 

Andreia Donadon Leal 


Receba as notícias através do grupo oficial do Portal da Cidade Mariana no seu WhatsApp. Não se preocupe, somente nosso número conseguirá fazer publicações, evitando assim conteúdos impróprios e inadequados. 📲

Participe: CLIQUE AQUI 👈

Faça parte também das nossas redes sociais: Facebook e Instagram.

Fonte:

Deixe seu comentário