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CRÔNICA

Não mexam no nosso jardim!

Confira a crônica de Andreia Donadon Leal, Mestre em Literatura pela UFV

Publicado em 27/09/2019 às 07:07

Nem Jesus agradou a todos. Não agrado a muita gente ao escrever textos de cunho político. Políticos que estão no pódio desagradam muita gente, inclusive correligionários. A vida é assim: uns vão, outros vêm. Defendo a máxima de Obama em aprender a ouvir críticas construtivas ao invés de dar ouvidos à bajulação. Esta máxima propalada aos quatro cantos me remete ao projeto de intervenção em uma dos cartões postais de Mariana: o Jardim da Praça Gomes Freire. Ao vislumbra'-lo vem à memória os jardins suspensos da Babilônia, local de destaque na história das civilizações. A arte de cultivar jardins em espaços urbanísticos remete-nos a espaços poéticos ornados com bancos e coretos; entretenimento e atividades culturais pulsantes que mantém a identidade e características da cidade.   

Há na Primaz projeto elaborado pela Renova para intervenção/revitalização(?) do exuberante Jardim, atendendo solicitação da Prefeitura. O projeto faz parte de uma das ações compensatórias pelo rompimento da barragem. Valor monumental para uma reforma de extrema necessidade? Há outras demandas, obviamente, no município que merecem intervenção/investimento para ontem, como implementação de um CTI, etc.   

Longe de mim, pobre escritora, meter o bedelho ou criticar o que a grande MAIORIA da população marianense solicitou ao gestor da cidade. Este é o princípio basilar da democracia, ouvir, sobretudo aprender a escutar o que diz o outro lado. Não é fácil sair da zona de conforto, mas é necessário sair da ilha para ver além da ilha. Saber lidar com as diferenças nas relações políticas é a arte de grandes líderes que aprenderam a duras penas o caminho das pedras; apesar de o presente ser assentado sobre ações do passado, infelizmente.   

Defendo a premissa de que mantenham o layout paisagístico com espaço de lazer, entretenimento e apresentações das corporações musicais. O que pode ser realizado com a benevolente oferta da fundação é um bom contrato de serviços de manutenção do jardim e projeto de acessibilidade, para que todos possam usufruir do patrimônio, e que esse espaço possa ser aprazível para turistas que almejam vislumbrar, respirar e sentir o perfume das flores e plantas. Quem sabe fechem o quarteirão central da Rua Direita, com a construção do calçadão cultural proposto por Elias Layon e pelos poetas aldravistas no ano de 1999? Os anos se passaram. Gestores passaram e continuarão a passar.   

Que a manutenção, não revitalização (sem uso de verbas estratosféricas) aconteça, preservando o ambiente, cultivando a arte urbanística existente. Voltemos a esboçar um sorriso no rosto, a sonhar uma Mariana mais linda e robusta, como outrora Dom João V sonhou ao pedir que além da matriz fizessem na Vila do Carmo um belo jardim. 

 


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