Na última semana, resgatamos um gatinho na rua. Amarelo
puxado para alaranjado com branco, tão pequenino, entre dois e três meses. Ele
estava na garagem de uma vizinha que não fica na casa e sabíamos que não era
dela.
O miado poderia ser ouvido a longas distâncias e o
bichano estava faminto e assustado. Não sabíamos sua procedência, mas trouxemos
para cuidar e fazer dele um não mais abandonado.
Era noite, não tínhamos como comprar ração. Em casa
tínhamos uma de adulto de um felino que tivemos anteriormente e que já não
estava mais conosco.
Tentamos essa mesmo, mas o pobrezinho miava de dor ao
mastigar. Tentativa 1: vamos molhar com água. Deu meio certo, ficou menos dura,
porém ainda não o suficiente. Foi quando eu tive a brilhante ideia de amassar
com a mão e dar na boca. Tomei uma mordida que sangrou.
Escolhemos dar pão molhado na água da ração, para ficar
próximo ao gostinho de costume e mais fácil de mastigar. Conseguimos!
Mesmo de barriga cheia, o animalzinho sem nome não parava
de chorar. Rodeava todo o espaço como quem procura alguém, se escondia ao ouvir
o som de quaisquer coisas que desconhecesse. Assustado.
Permaneceu assustado. O novo traz receio, assusta mesmo.
E mais do que vivendo uma situação nova, não sabemos se ele foi maltratado, se
estava em bom estado por fora, mas ferido por dentro, no coração.
Assim somos nós, às vezes estamos feridos no coração e
andamos assustados, com medo, nos escondemos ao som de quaisquer coisas que
desconhecemos. Entretanto, podemos superar.
Os dias estão passando, o gatinho ainda não tem nome, mas
já está familiarizando com a casa, com as pessoas e com os costumeiros sons.
Ainda se assusta, mas a diferença é que agora ele está aprendendo que pode
confiar, está aprendendo a ser amado.
Nós também temos esse potencial. O Amor também nos cura.
Nós também podemos nos despir de nossos medos quando aprendemos que somos
amados. Nós somos amados, nós fomos criados para ser amados, eis a nossa
verdade, eis a verdade da humanidade.