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CRÔNICA

Verdade é coisa rara e cara

Confira a crônica de Andreia Donadon Leal, mestre em Literatura pela UFV

Publicado em 09/12/2019 às 23:06

Escondam os livros. Desbastem a Literatura de forasteiros. Essa geração incomoda meus brios históricos, políticos e minha vastíssima experiência na área educacional. A moça tem ética com pós-doutoramento desde o nascimento, mas desatenta a Platão, Sócrates e Aristóteles. A moral é valor universal e não de um grupo específico. Ético é ser virtuoso, correto, verdadeiro; é prescrição de conduta; é saber escolher entre o justo e o injusto, entre o certo e o errado.

Meu senso de ética clama por me manifestar, publicamente, sobre inverdades e desculpas esfarrapadas. O agente sem ética e moral aprende a favorecer seus interesses e de grupos em detrimento a outros. Falta de ética é usar espaços públicos beneficiando grupelhos. O autoritarismo gera a parcialidade que gera quem EU INDICO, que gera homenagem a quem EU julgo pertinente fazer aos que me são caros.

A chuvarada chegou apagando poeiras, fogo, molhando plantas; pudera apagar confabulacões, boicotes e maldades. A menina inexperiente engendra desculpas estapafúrdias que me dão preguiça. Viver de cabeça empinada num leva e traz garante lugar no pódio. Sol gira em torno da terra numa alusão à mentira que insiste em sobre/viver.

Inventem e criem desculpas no intento de tornar verdade uma mentira. Não tenho compromisso com o erro, mas a nota oficial desmente a fala do cara. É só voltear no discurso, afinal palavras lançadas voam com o uivo do vento. O povo tem a memória curta. Político tem receio de protestos, eu não... Aprendi que é necessário ouvir críticas e afastar os bajuladores, para o crescimento do um governo.

Que continuem detestando e perseguindo oponentes. Aliança não é o forte deles. Orgulho e teimosia não permitem que assumam erros. Insistem em remendar inverdades com justificativas sintéticas...

Não admitem questionamentos daqueles que estão fora dos seus círculos. Falo de democracia, porém, portas abertas somente para aqueles que não questionem suas ações. Falam o que falam na frente do povo, enquanto suas equipes desfazem seus discursos.

O rádio toca canção brega, depois funk e pancadão. O leite talhou. O preço da carne atinge os píncaros, faço estoque de ovos de codorna, galinha; salsicha, sardinha e bifes veganos. O veganismo está em alta, ninguém vai desconfiar que não temos dinheiro nem para consumir carne de segunda. É a tal da ética aventada pela autoridade educacional: esconder debaixo do tapete pontas das linhas e ciscos.

Fiquem mudos, calados, quietos, não respondam a ninguém. A ética, para eles, é possuir postura de passividade e obediência. Manda quem pode, obedece quem é contratado ou tem cargo comissionado. Manifestações são faltas de éticas. É FALTA gravíssima da moral e dos bons costumes socializar que sofreu injustiças e perseguições!

Consciência e responsabilidade são condições à vida ética ou moralmente correta. Correto é admitir o erro, em vez de responder com outras pedradas. Correto é assumir mea culpa. Vida ética, moralmente correta é saber retroceder, aprender a corrigir erros e desentendimentos. Está decretado pela cúpula: é proibido estudar livros não indicados da lista.

2020 é ano ‘eleitoreiro’. Mentiras vão pulular de porta em porta. Mentira é ponta inesgotável de novelo; fia ponta aqui, desfia ponta acolá. Há que se arquitetar justificativas sem fim, para cada comentário desmontador de mentira do doutor, que corta cada ponta de remendo com simples argumentações.

Penélope que sabia desmanchar as linhas do bordado com destreza, até o retorno de Ulisses. Quem deles estudou clássicos? A velha-guarda e a nova geração de literatos criativos. Não discernir velha-guarda e contemporâneos da nova geração: eis o princípio da desorganização. Servem coquetéis de primeira linha para autoridades, enquanto os escolares recebem biscoitinhos e suco em pó. As vacas boas retornaram depois da crise. Tudo renova, renova... Inaugurem o pré-projeto com pompas e circunstâncias. É necessário barulho e auê, depois a gente pensa no que fazer...

O espaço com tríplice função é necessário. Acho que está na moda: três ou quatro em um. As escadas são detalhes. Uma cadeira voadora pode atender o projeto de acessibilidade. Quem sabe, quem sabe... Há pré-candidatos em ação. Que badalem os sinos, as trocas de farpas, as aparições em todos os eventos, casamentos, nascimentos e falecimentos. Agora, temos agenda livre e disponível, para discutir, reunir, ouvir... Atenção, você está sendo cooptado pelo/pela pré.

A chuvarada é bem-vinda. O cenário urbano é que está poluído por totens gigantescos; por estruturas metálicas grosseiras que atrapalham a circulação e o estacionamento de veículos, o ir e vir do pedestre, do motociclista, do cadeirante, do deficiente visual. Trombaram nos 'paus de ferro'. Um transeunte pergunta se aquilo é pole-dance. Estupefata com o comentário! As luzes se espalham, timidamente, ali, aqui, lá.

O pensamento crítico e reflexivo do turista advém da ética. Liberdade de expressão virou imoralidade. Faltaram às aulas de linguística! A raiva é traidora do bom senso. Deslumbramento advém de falta de amadurecimento e traquejo político. Debochem da garota, não! Faltam menos de trezentos e poucos dias para a roda girar. O tempo é de perdoar o próximo. É de rever amizades. É de receber o ano par. É de brindar as velhas amizades. É de fazer novos planos. É deixar o tempo curar as feridas.

Mãe vai bem! A árvore foi montada. Em casa, a paz reina. Fomos criados na pureza da ética: na postura e firmeza dos pensamentos reflexivos e críticos, na defesa da justiça, na crença de quem ocupa uma função e espaço público deve reunir todos os elementos precípuos de um justo gestor: imparcialidade e compromisso com a verdade. Verdade é coisa rara, cara, aprendida e apreendida com os pais e amadurecimento... Ethos, Morales: Spiritus Super Omnia.


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