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Crônica

A vida não é um Fla x Flu, eleição não é jogo de futebol

Até ocupar a cadeira do presidente, todas as promessas são apenas promessas. E nós?

Publicado em 25/10/2018 às 07:45
Atualizado em

(Foto: TSE I Divulgação)

Júlia Carvalho


Desgastados, cansados, desempregados, sem escolas públicas e saúde de qualidade. Assistindo ao noticiário enquanto o índice de pessoas em situação de fome cresce no país. Ora esperançosos, ora sem esperança. Uns que dividem o pouco que tem e outros que tem muito tomando cada vez mais para si.

Anos de crise, dólar cada vez mais alto, cada vez menos empregos. Verbas sendo cortadas e crescentes corrupções. E não se ouve falar de partidos que se salvem porque a corrupção não começa na cadeira do senado ou da câmara. Também porque estamos focados demais em retratar esquerda e direita, será que não existem outros ângulos?

E então, chegaram as eleições. Uma oportunidade de ver alguma coisa mudar, de surgir algo que possa ser diferente, que possa ser melhor. Treze candidatos, o país já não estava mais dividido apenas em PT/PSDB, o país queria uma nova alternativa. E teve. Se entre os treze haveria alguém que fosse realmente a mudança que o país precisa, nós só saberíamos quando assumisse, pois até ocupar a cadeira de presidente todas as promessas são apenas promessas.

O país escolheu sair do clássico PT x PSDB, mas manteve a acirrada disputa entre esquerda e direita, dessa vez, extrema direita. E o que venho com toda essa história discutir não é política, é tolerância. A luta Bolsonaro x Haddad não fala apenas sobre política e tudo aquilo que ela interfere burocraticamente no país, todavia essa luta nos fala de tolerância.

“A crise não altera caráter, ela revela!”, afirma Rodolfo Abrantes, ex-vocalista da banda Raimundos. Domingo estará decidido quem estará no governo do nosso país e por 4 anos essa será uma realidade que teremos que conviver. Todos seremos governados por aquele que a maioria da população escolher, sejam quais forem as consequências disso. No entanto, a pior consequência que essa eleição pode deixar é a intolerância.

A intolerância não é administrativa, não é burocrática, tão pouco democrática e se não nos atentarmos, esse é o Brasil que viveremos. Chegou a hora de perceber que não estamos brigando por times de futebol, não é um jogo que vai acabar e na segunda-feira vamos todos trabalhar sem que aquilo mude as nossas vidas. Não é um clássico entre Cruzeiro e Atlético, Flamengo e Fluminense que por mais que tenha brigas, elas vão acabar por um tempo e voltar no próximo jogo. Se não nos atentarmos, viveremos um Brasil de desavenças e afirmando que estamos tentando votar por um lugar melhor.

Chegou a hora de mais do que esperar que os governantes façam por nós, nós fazermos por nós mesmos. Não apenas empatia no voto, mas empatia na fala. Empatia no olhar, na atitude. Aceitar que o outro tem outro pensamento, outra visão, outras vontades e que se cada um respeitar o próximo começaremos a construir o país que desejamos.

Fora da urna, vote na tolerância, no respeito, a mudança começa de você. O momento de crise (econômica, política, eleitoral) não está criando pessoas intolerantes, está revelando quem elas são. Não use esse texto para julgar o outro, examine a você mesmo. Você não pode ser responsável pelo que o outro faz, mas a sua mudança pode influenciar ao seu redor. Começa de você.

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