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Coronavírus

Pesquisa da UFOP analisa sequências da principal proteína do coronavírus

O trabalho identificou mutações na proteína Spike e mapeou regiões importantes para o desenvolvimento de vacinas e métodos de diagnóstico mais eficientes

Publicado em 06/06/2020 às 04:10
Atualizado em

(Foto: Pixabay)

Estudantes de doutorado, mestrado e iniciação científica do grupo de pesquisa em "Nanobiotecnologia aplicada ao diagnóstico molecular de vírus" do Laboratório de Biologia e Tecnologia de Micro-organismos (LBTM), do Departamento de Ciências Biológicas (DECBI) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em parceria com os pesquisadores da Universidade Federal de Alfenas (Unifal) e da Universidade de Oxford (Inglaterra), analisaram mais de duas mil sequências da proteína Spike do novo coronavírus (SARS-CoV-2) provenientes de todo o mundo.

O objetivo das análises foi identificar as mutações na proteína Spike em amostras isoladas de diferentes continentes e apontar as regiões dessa proteína que podem ser identificadas pelo sistema imunológico dos seres humanos, para a geração de uma resposta do nosso organismo contra o vírus.  

Os dados obtidos foram tratados e analisados com ferramentas de bioinformática. Com isso, a equipe conseguiu caracterizar 44 variações em resíduos de aminoácidos e, através de predições antigênicas, mapear os epítopos onde essas variações estão presentes. 

"PROTEÍNA SPIKE"

Também chamada "proteína S", é a proteína que o vírus utiliza para infectar as células do ser humano. Segundo o coordenador do estudo, o professor da UFOP Breno de Mello Silva, essa proteína é literalmente a chave que o novo coronavírus possui para invadir o nosso organismo. "Os vírus utilizam essa proteína como uma chave para abrir uma fechadura, proteínas que estão presentes na superfície das células humanas. Portanto, é preciso estudar essa chave para entender como ela funciona e como podemos gerar drogas para anular o seu funcionamento bem como vacinas e testes de diagnóstico que possam ter essa proteína como alvo".  

De acordo com o doutorando Ricardo Lemes Gonçalves, um dos autores do trabalho, essa chave não é nova. "Há algumas décadas, seu primo SARS-Cov já a possuía. Entretanto, o SARS-CoV-2 tornou-a mais eficiente e aumentou a capacidade desse vírus de infectar as pessoas. Agora é muito importante monitorar como o vírus está usando essa chave em todo o mundo e se há possibilidade de novos aprimoramentos, o que poderia ser um obstáculo para o desenvolvimento de uma vacina eficaz", explica, completando que essa proteína é o alvo mais promissor quanto à indução de anticorpos para o desenvolvimento de vacinas e de métodos de diagnóstico direto. 

Ele também explica que a análise de várias sequências de forma rápida e simultânea só é possível devido à existência de bancos públicos de sequências que são alimentados por pesquisadores de todo o mundo, em uma ação coletiva e colaborativa. "Quando o vírus é isolado dos pacientes, o material genético é extraído e analisado usando a técnica de sequenciamento de DNA. As informações sobre o material genético dos vírus isolados de pacientes são depositadas nestes bancos na medida em que são sequenciados".   

VACINA

Os resultados do estudo representam mais uma peça a ser integrada ao grande quebra-cabeça que é a busca por estratégias mais eficientes para o desenvolvimento de vacinas. Segundo os autores, o mapeamento das mutações e dos domínios mais imunogênicos dessa proteína podem orientar o desenvolvimento de vacinas elaboradas com fragmentos da proteína ou mesmo ajudar a aprimorar as vacinas que estão em desenvolvimento. 

O grupo já iniciou pesquisas para o desenvolvimento de novos métodos de diagnóstico direto do vírus SARS-Cov-2 com a utilização de dados deste trabalho e o uso de nanotecnologia, que também é uma das especialidades da equipe; porém, necessitam de apoio financeiro aos projetos, enviados para agências de fomento.  

O artigo encontra-se em revisão, em revista especializada, e apesar de não ter sido revisado pelos pares, está disponível em versão preprint: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2020.05.21.108563v1 


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