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LAMA

Vítimas da Samarco em Mariana terão casa construída pela comunidade

Coordenada pelo Movimento dos Atingidos por Barragem, obra chama atenção para o fato de nenhuma das casas destruídas pela lama ter sido reconstruída

Publicado em 16/10/2019 às 07:18

(Foto: Chokito Elineudo Meira)

São Paulo – Antes do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 5 de novembro de 2015,  Yolanda Gouveia, hoje com 29 anos, trabalhava em casas de família na região de Barra Longa, onde mora. Seu marido, Douglas Basílio, com a mesma idade, atuava principalmente em obras. A lama que matou 19 pessoas, trouxe destruição, adoecimento e danos ambientais incalculáveis, trouxe também a criação da Fundação Renova, por meio de um termo de ajustamento de conduta assinado entre ministério público federal do estado de Minas Gerais, do governo estadual e da Samarco, mineradora controlada pela Vale. 

 

Com o objetivo de gerenciar a reparação dos danos causados, a fundação diretamente ligada à empresa passou a centralizar muitos dos empregos ofertados na cidade. Pior para quem está do lado dos que lutam pelos seus direitos, como Yolanda, que passou a ter dificuldade para encontrar trabalho. 

“A Renova separou amigos, vizinhos, parentes, e tem muita gente brigando por causa da empresa em Barra Longa. Há também muito preconceito quando você vai procurar trabalho. Eu cheguei a arranjar emprego. Mas fui mandada embora porque sou militante do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragem). “Pode ter o preconceito, mas eu vou continuar na luta”, disse Yolanda, aplaudida de pé na noite de ontem (15), no auditório do Sindicato dos Professores no Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), na região central da capital, durante lançamento da jornada de lutas pelos quatro anos do desastre de Mariana, a serem completados em novembro, e pelo primeiro aniversário da tragédia de Brumadinho, em 25 de janeiro. 

 

Com o lema “A Vale destrói, o povo constrói”, a agenda que inclui encontros, audiências públicas, feiras, marcha e festival cultural a partir deste mês até março do ano que vem, será marcada pela construção de uma casa em Barra Longa. A obra, com início em outubro e término previsto para janeiro, simboliza a solidariedade e também a denúncia do descaso da mineradora, que até o momento não reconstruiu nenhuma das casas destruídas pela lama da Samarco. 

A família escolhida para ser beneficiada é a de Yolanda. Sua casa simples tem rachaduras e danos nas janelas causados pelo maquinário pesado para a retirada da lama de rejeitos da empresa que se recusa a incluí-la na lista de atingidos. 

“Estou muito feliz com a casa, que vai ser longe da poeira da lama que fez meu filho de seis anos adoecer e ficar internado no hospital com pneumonia. Meus filhos estão muito alegres com essa casa que vai ser construída. Porque vamos ter um lugar sossegado, eles vão ter liberdade para brincar.  Agradeço muito o povo que está envolvido com essa casa. Não é obrigação construir, mas vamos poder mostrar para a Renova que somos capazes de construir”, disse. 

A arrecadação de recursos para a construção já começou. É possível doar por meio da plataforma  financiamento coletivo Catarse. A campanha pode ser encontrada no link catarse.me/opovoconstroi. Há também caixinhas espalhadas por diversos pontos do país, com o lema “Doe um Tijolo”.


 


 


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