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Fundação Renova

Zema declara que Renova 'não tem interesse em resolver' danos em Mariana

Governador de Minas fez várias críticas à fundação que foi criada para reparar os danos da tragédia de Mariana

Publicado em 06/02/2021 às 23:39
Atualizado em

Moradores reclamam de demora em obras de reassentamento em Mariana. Foto de agosto de 2020 (Foto: Mauro Marcos da Silva/Arquivo Pessoal)

Em entrevista exclusiva à CBN na manhã desta sexta-feira (5), governador de Minas fez várias críticas à criação da fundação que foi criada para reparar os danos da tragédia de Mariana e também comentou o acordo fechado na véspera com a Vale, para compensar o desastre em Brumadinho, há dois anos.

O governador Romeu Zema (Novo) afirmou que a Fundação Renova, criada para reparar os danos causados pelo rompimento da barragem em Mariana, não tem interesse em solucionar os problemas dos atingidos.

Zema disse que a Fundação consome todos os recursos e não os destina aos afetados.

Ele disse que a entidade, criada pelas responsáveis pelo desastre, as mineradoras Vale, BHP Billiton e Samarco, não resolve os problemas dos atingidos porque, se o fizesse, não teria mais motivos para existir.

"Eles criaram uma grande estrutura, que se chama Fundação Renova, para poder analisar quem vai receber os recursos, onde, quando, e é essa fundação que consome os recursos e não os afetados. E ela não tem interesse de resolver, me parece, porque se ela resolver ela perde o motivo da existência. É como se eu pedisse para alguém limpar algo e falasse: 'na hora que você terminar a limpeza você está dispensado' , e a pessoa nunca termina, porque ela continua recebendo."

O governador afirmou que todos os entes públicos estão mobilizados a partir de agora, entre eles o Ministério Público de Minas Gerais, o Tribunal de Justiça e Advocacia-Geral do Estado, para fazer algo em relação à atuação da fundação.

Ouça a entrevista à CBN na íntegra

Em nota, a Fundação Renova disse que "permanece dedicada ao trabalho de reparação dos danos" provocados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. Segundo a Renova, até dezembro de 2020, foram destinados mais de R$ 11 bilhões para as ações integradas de recuperação e compensação até o momento, não apenas os 4,5 bilhões que Zema disse na entrevista.


Acordo com a Vale

Zema também comentou o acordo feito entre o Estado e a Vale para reparação dos danos socioambientais e socioeconômicos causados pela empresa no rompimento em Brumadinho.

O governador deixou claro que esse acordo não interfere no processo de indenização dos atingidos. Ele disse ainda que, caso sejam constatados novos problemas relacionados à tragédia no futuro, a Vale também terá que reparar esses danos.

O acordo firmado entre o Estado e a mineradora estabeleceu quase R$ 38 bilhões em reparação, cerca de 33% a menos que o pedido inicial feito pelo governo de Minas. Segundo o governador, o dinheiro vai ficar em uma conta à parte e vai ser auditado por órgãos públicos.

"É uma conta à parte, que vai ser monitorada pelo Tribunal de Justiça, Ministério Público, Assembleia Estadual, será auditada pelo Tribunal de Contas também. Ela não transita no dia a dia. É como se você tivesse uma conta-salário e abrisse uma outra conta só para fazer a reforma na sua casa, esse dinheiro aqui não pode ter outra finalidade."

Perguntado sobre a possibilidade de novos rompimentos e da situação das barragens em Minas Gerais, Zema disse que existem poucas barragens em nível de risco alto e que as mineradoras estão fazendo o descomissionamento das estruturas. O processo consiste em retirar todo o rejeito de minério que existe no interior da barragem, eliminando os riscos.

Atualmente, Minas Gerais possui 42 barragens com algum nível de alerta: 29 estão no nível 1, dez no nível 2 e outras três no último nível, quando há maior risco à estrutura.


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