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Editorial

Uma questão de cidadania

Nossa responsabilidade pelo fim da epidemia

Publicado em 01/08/2020 às 07:16
Atualizado em

Isolamento Social (Foto: Pixabay)

Até quando vamos ficar em Quarentena? Uma dúvida recorrente que nos últimos dias me fez parar pra pensar e procurar entender qual seria o real problema que estamos enfrentando durante esses intermináveis dias de isolamento social.

Seria mesmo tudo “culpa” do vírus? Por suas características ainda desconhecidas ou pela falta de tratamento eficaz ou uma vacina?

Seria responsabilidade dos “chineses” que criaram um vírus mutante, provavelmente com interesses econômicos para destruir os Estados Unidos e dominar o mundo?

Então, para essas perguntas, por hora, só temos especulações.As respostas só virão com o tempo.

O que sabemos é que, já passamos 4 meses em isolamento social e as consequências já podem ser sentidas em todos os aspectos: econômicos, políticos, sociais, educacionais, etc.

Um momento impensável na nossa história e até mesmo para os mais pessimistas, mas que tem nos imposto restrições das mais diversas, em um mundo altamente tecnológico, com tantas descobertas e tantos avanços na medicina e ciência, como um vírus, de repente, “PAROU O MUNDO”?

Quem conhece a música do Raul Seixas, “o dia que a terra parou” certamente não imaginaria vivenciar essa experiência e facilmente chamaria aquela musica de “coisa de doido”!

Até mesmo o nosso sagrado direito de ir e vir foi temporariamente revogado.

Agora existe diante de nós um novo mundo. A pandemia expôs para os governantes dos países um conjunto de “cidadãos” desconhecidos e invisíveis e principalmente expôs a nossa fragilidade perante as forças da natureza.

As 10 pragas do Egito. Não fosse o nosso ceticismo, diriam os mais desavisados que o fim do mundo está chegando. Novos hábitos de higiene tiveram que ser urgentemente adotados. O fato de que não há vagas em hospitais para todos que precisarão de atendimento médico, o que levará ao colapso os serviços de saúde, gerou pânico.

Os impactos econômicos são gigantescos para os menos favorecidos, camelôs, feirantes, comerciantes, profissionais liberais, autônomos entre outras categorias. O medo de passar severas privações financeiras é tão real e pode ser até mais assustador que o COVID-19 para algumas dessas pessoas.

Por fim, ao contrário das outras pestes que a humanidade já experimentou, essa é acompanhada, em tempo real, com acesso ilimitado à informação que nem sempre é confiável.

O que chama a atenção nos elementos descritos acima é que todos afetam de forma dúbia os indivíduos. Na realidade, nos deparamos com dois pares de dicotomias que levam nossos comportamentos a direções e sentidos opostos.

A primeira dela diz respeito às consequências de nossas ações para nós mesmos em curto e em longo prazo.

Mesmo em contato com alguém contaminado, só teremos evidências de contaminação dias depois, e ainda, com sintomas comuns a outros problemas respiratórios. Para piorar, pessoas sem sintomas podem transmitir. Não saberemos, de antemão, quais comportamentos resultarão em contágio de modo específico. Sabemos apenas que interações com pessoas favorece o contágio, mas não sabemos quais são essas pessoas. Nosso isolamento é apenas uma medida preventiva.

Porém, é muito difícil ter autocontrole quando as consequências de nossas escolhas impulsivas demoram a acontecer e quando podem não acontecer. Ser autocontrolado agora é não sair de casa, que consiste em não visitar amigos, não visitar parentes, não se exercitar ao ar livre, não comer quitutes numa padaria, não por a mão no rosto, não tocar os outros, lavar a mão várias vezes ao dia etc.

A segunda dicotomia que essa condição impõe é entre as consequências dos meus atos para mim e para os outros.

Sair de casa apenas quando estritamente necessário não apenas protege a você, mas protege toda a sociedade. Ser negligente com o próprio contágio, na realidade, é ser mais negligente com os outros do que com si próprio.

O ser humano, ao mesmo tempo que nos dá esperança, nos entristece com atitudes egoístas.

Temos que repensar como a diminuição dos efeitos da poluição com a redução da atividade humana no mundo, mostra os efeitos de nossas ações sobre o planeta e, no fim das contas, em nós mesmos.


O coronavírus demonstra em escala reduzida e acelerada como nossos atos repercutem em nós e nos outros. Mas quando nossos atos repercutem nos outros, acabam nos afetando ou afetando nossos descendentes.

Se você for negligente e egoísta, contribuirá para a propagação do vírus e, mesmo que se sinta protegido com máscaras, litros de álcool em gel, saiba que o volume de pessoas contaminadas é muito mais relevante para a sua contaminação. Ou seja, pensar no outro também é pensar em você em longo prazo.


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