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Comemoração

Dia do artista de teatro

O teatro, tal como as demais artes, transmite uma mensagem. O artista de teatro é o percursor dela.

Publicado em 19/08/2018 às 08:10
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Hoje, 19 de agosto, comemora-se o Dia do Artista do Teatro. O início dessa comemoração se deu em 1978, quando foi publicado o Decreto que regulamenta como profissão as atividades de Artista e Técnico em espetáculos de diversões. A lei descreve qual é o exercício da função, tal como define seus direitos.

Nossa cidade é um palco para grandes talentos das artes cênicas, com professores qualificados e um público que atrai até mesmo artistas de outros lugares para estrearem seus espetáculos aqui. Atualmente, o grupo de teatro local “Cômica CIA de teatro” vem esgotando bilheterias e envolvendo seus espectadores.

A Cômica foi formada por uma iniciativa de Alexsandre Carvalho (Alex), que é ator, diretor, professor e dramaturgo, para unir alunos de um curso de extensão que lecionava na UFOP com ex-alunos que já estudavam teatro na graduação ou já faziam outras coisas cênicas. Já estreou peças como “Mamma Mia”, “Hoje é meu dia! Um brega musical”, “Jardim de pedra”, “É proibido dançar”, entre outras.

A forma como a arte teatral trata o outro

Toda forma de arte quando é produzida gera em quem a produz sentimentos e sentidos que lhe são particulares, no entanto, quando o outro entra em contato com tal manifestação artística, o sentido e as emoções produzidas nele são outras, pois cada um recebe e interpreta de acordo com sua história, ambiente, vivências e influências.

A dramaturgia é um diálogo, pois, mesmo quando é um monólogo, está falando com o público e produzindo algo nele ao entrar em contato. “O teatro é um diálogo constante. Primeiro você começa a dialogar com a obra, o texto que você está estudando. Depois se inicia um diálogo interno. Quando chega na sala de ensaio, precisa ouvir o que o outro está dizendo. Não é apenas disparar o texto, precisa ouvir e então falar. E quando pensa que está tudo pronto, vem o diálogo com o público”, afirma Alex.


Adultos e idosos também podem atuar?

Começar as aulas de teatro não é apenas para crianças e adolescentes, alguns papéis requerem experiência de vida, o que pode servir como incentivo para pessoas mais velhas que sonham atuar, mas pensam que o tempo para iniciar já passou. “Tem algumas técnicas de teatro que você só consegue desenvolver com pessoas mais velhas. Se a pessoa estiver aberta, claro. Requer esforço, vontade”, explica o professor.

Não se trata de simplesmente querer pela beleza e pelo status que ser artista carrega. Há quem passou a vida sonhando em atuar, mas nunca encontrou oportunidade. Há também quem quer, mas que tal querer não é o suficiente para permanecer em dedicação. Alexsandre orienta: “precisa chegar em casa, estudar o seu texto e estudar o texto não é apenas pegar a sua fala e decorar. Estudar o texto é entender palavra por palavra que está escrito ali. Quando precisar improvisar é dentro daquilo. Precisa ter um trabalho individual do personagem, mas quando se choca com o outro, pode se tornar outra coisa. E aí é outro processo”.


O campo de atuação em Mariana

A maior parte das apresentações na cidade que não são de rua acontece no Teatro SESI Mariana, os artistas consideram a estrutura ótima, e para além de espaço físico, amam o público marianense. Como professor, Alex também se sente realizado por saber que coopera para a formação de laços de amizade entre pessoas que não se relacionariam em outros espaços, como também para a formação do caráter de seus alunos. “Eu vi dando aula que as pessoas eram salvas pelo teatro, pela arte”, afirma. Apesar disso, o apoio financeiro de seus espetáculos vem de pequenas empresas, sente falta de iniciativas políticas municipais que apoiem diretamente as equipes artísticas.

Como incentivar as pessoas ao gosto pelo teatro?

O teatro, tal como as demais artes, transmite uma mensagem. O encontro entre elenco e espectadores é um momento transformador, a intenção é que cada um saia do espetáculo com algo agregado em si, seja uma reflexão, um valor ou um sorriso.

O ator acredita que peças gratuitas não formam público, uma vez que as pessoas ficam condicionadas a frequentar o teatro apenas se for dessa forma. Há companhias que recebem apoio de instituições que possam arcar com todo o custo da montagem de cenário, figurino e todos os preparativos necessários para que a peça aconteça, todavia, essa não é uma realidade da maioria, há um custo.

Para ele, a forma de incentivar o gosto pelo teatro é torná-lo cotidiano na vida das pessoas, para que não rejeitem aquilo que na verdade apenas não conhecem de perto. Uma divulgação próxima e preços populares ajudam a tornar isso mais popular, envolver e buscar o público.


A escolha do curso para Alex

A escolha do curso superior é um passo fundamental na vida de todo jovem nos dias atuais. Cada pessoa escolhe de uma forma, alguns seguem a carreira da família, outros se aventuram em uma área que lhes seja desafiadora, enquanto outros optam por algo que lhes inspire afinidade.

Em meados dos anos 90, Mariana tinha uma iniciativa de incentivo ao teatro que se chamava Fest Sesi. Na primeira edição, Alex estava na quarta série e foi quando começou a ter contato com textos teatrais, entretanto, a iniciativa não foi além pela dificuldade financeira que as escolas, principalmente as públicas, passavam. O projeto acabou e no ensino médio Alex reuniu pessoas que tinham interesse em praticar a arte. Nessa época, ele entrou em um curso de extensão no ICHS dirigido pelo Alcides Ramos e chegou um momento que estava claro que era teatro que gostaria de seguir.


A jornada no curso de Artes Cênicas

Para algumas pessoas, os anos de graduação são anos que determinam muitas escolhas posteriores, anos a se guardar para toda a vida. Com o dramaturgo não foi diferente, quando chegou na faculdade já tinha lido vários autores de renome de livros que irmã que cursava cênicas da época usava.Durante a graduação ele percebeu que tudo o que pensava saber, na verdade não sabia. Como era um curso novo, a maioria dos professores não eram mestres e doutores, mas tinham muita prática. Alguns deles já tinham trabalhado com pessoas que escrevem as obras literárias da área, o que fez com que a experiência fosse enriquecedora.


Os momentos mais marcantes da carreira

Os momentos mais marcantes foram quando fez “O avarento” do Moliére com o grupo “As medeias” e sua irmã era parte e também o espetáculo “É proibido dançar” que foi marcante por ter pessoas dessa formação da Cômica de 2012 juntamente com a Débora e o Thiago, pessoas que eram parceiras de seu primeiro grupo de teatro. Foi o encontro da formação antiga e nova da Companhia, de forma muito importante emocional e profissionalmente. Para Alex, o mais importante não é trabalhos de grande destaque, mas que lhe despertam uma sensibilidade como pessoa.

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