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Opinião

Questionando o suicídio entre jovens

Por Júlia Carvalho

Publicado em 13/09/2018 às 08:58
Atualizado em

(Foto: Google Imagens)

Em meio ao imediatismo, os relacionamentos líquidos, as pressões e impossibilidades que a juventude enfrenta, está um assunto que precisa ser tratado em evidência e cuidado: o suicídio. As estatísticas desde o final do século passado até agora são crescentes, o que torna o fato ainda mais preocupante. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), há cerca de 10 a 20 milhões de tentativas de suicídio por ano no mundo, sendo em média 1 milhão de pessoas que conseguem suicidar-se. Em 2000 no Brasil, a estimativa foi de 3,99 mortes por suicídio em cada 100000 pessoas em todos os sexos e idades. No entanto, em 2007, apenas entre jovens de 20 a 14 anos esse índice subiu para 5,4 para cada 100000 habitantes.

As principais causas relatadas são quadros já recorrentes de depressão, ansiedade e outros transtornos psiquiátricos, assim como também o bullyng, os términos de relacionamentos e dificuldades de interação social. Violência física e sexual na infância também fazem parte dessa lista.


 Várias notícias trazem alunos universitários, em maior evidência os dos cursos de medicina, como vítimas dessa tragédia. A pergunta não é de quem é a culpa. Se dos pais, da instituição universidade, dos docentes, dos próprios jovens ou do sistema. A pergunta é se o que estamos fazendo é realmente eficiente para combater os casos de suicídio nas universidades no Brasil.

De 2012 a 2017 as universidades UNIFESP e UFABC registraram ambas 5 casos de suicídio, na UfsCar 22 tentativas. Apenas em 2017 2 casos consumados e uma tentativa na UFMG, uma morte pelo mesmo motivo na UFOP e 6 tentativas na USP.

 A partir desses acontecimentos, as universidades tem criado núcleos de apoio individual e coletivo aos alunos e promovido debates a respeito do tema saúde mental.

É chegado o momento de questionarmos os valores entranhados na nossa sociedade, como a hipervalorização de um padrão determinado de beleza, as pressões por um sucesso profissional, os preconceitos quanto a transtornos psiquiátricos e doenças psicossomáticas, os tabus e os medos pregados na formação do caráter da criança, a falta de diálogo sobre questões como o próprio corpo, vícios e futuro com o adolescente.

Mais importante do que a sociedade ou a escola, a família apresenta um papel crucial na formação do indivíduo e de sua maturidade emocional. Está na família o dever de ensinar o ser humano a lidar com seus erros, suas dificuldades e suas frustrações. Com o objetivo de refletirmos, deixo uma frase do psiquiatra, escritor e pesquisador da psicologia, Augusto Cury: “Pais e filhos vivem ilhados, raramente choram juntos e comentam sobre seus sonhos, mágoas, alegrias, frustrações”.

 

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