Em meio ao imediatismo, os relacionamentos líquidos, as pressões e
impossibilidades que a juventude enfrenta, está um assunto que precisa ser
tratado em evidência e cuidado: o suicídio. As estatísticas desde o final do
século passado até agora são crescentes, o que torna o fato ainda mais
preocupante. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), há cerca de 10
a 20 milhões de tentativas de suicídio por ano no mundo, sendo em média 1
milhão de pessoas que conseguem suicidar-se. Em 2000 no Brasil, a estimativa
foi de 3,99 mortes por suicídio em cada 100000 pessoas em todos os sexos e
idades. No entanto, em 2007, apenas entre jovens de 20 a 14 anos esse índice
subiu para 5,4 para cada 100000 habitantes.
As principais causas relatadas são quadros já recorrentes de depressão, ansiedade e outros transtornos psiquiátricos, assim como também o bullyng, os términos de relacionamentos e dificuldades de interação social. Violência física e sexual na infância também fazem parte dessa lista.
Várias notícias
trazem alunos universitários, em maior evidência os dos cursos de medicina,
como vítimas dessa tragédia. A pergunta não é de quem é a culpa. Se dos pais,
da instituição universidade, dos docentes, dos próprios jovens ou do sistema. A
pergunta é se o que estamos fazendo é realmente eficiente para combater os
casos de suicídio nas universidades no Brasil.
De 2012 a 2017 as
universidades UNIFESP e UFABC registraram ambas 5 casos de suicídio, na UfsCar
22 tentativas. Apenas em 2017 2 casos consumados e uma tentativa na UFMG, uma
morte pelo mesmo motivo na UFOP e 6 tentativas na USP.
A partir desses
acontecimentos, as universidades tem criado núcleos de apoio individual e
coletivo aos alunos e promovido debates a respeito do tema saúde mental.
É chegado o momento
de questionarmos os valores entranhados na nossa sociedade, como a
hipervalorização de um padrão determinado de beleza, as pressões por um sucesso
profissional, os preconceitos quanto a transtornos psiquiátricos e doenças
psicossomáticas, os tabus e os medos pregados na formação do caráter da
criança, a falta de diálogo sobre questões como o próprio corpo, vícios e futuro
com o adolescente.
Mais importante do que a sociedade ou a escola, a família apresenta um papel crucial na formação do indivíduo e de sua maturidade emocional. Está na família o dever de ensinar o ser humano a lidar com seus erros, suas dificuldades e suas frustrações. Com o objetivo de refletirmos, deixo uma frase do psiquiatra, escritor e pesquisador da psicologia, Augusto Cury: “Pais e filhos vivem ilhados, raramente choram juntos e comentam sobre seus sonhos, mágoas, alegrias, frustrações”.