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Comemoração

Hino de Mariana – Em Cantos de Alphonsus

Ana Cláudia Rôla Santos - Coordenadora do Museu Casa Alphonsus de Guimaraens

Publicado em 14/07/2020 às 07:35
Atualizado em

(Foto: Coleção Márcio Lima)

O Hino de Mariana, letra de Alphonsus de Guimaraens, poeta simbolista, e música de Antônio Miguel de Souza, primeiro maestro da Sociedade Musical União XV de Novembro, foi composto em 1911, a pedido do Senador Dr. Gomes Freire de Andrade, para as comemorações do Bicentenário da Cidade de Mariana (200 anos de elevação à Vila). A primeira publicação do texto foi no jornal O Germinal, órgão oficial do Partido Republicano no Município de Mariana, na edição de 05 de julho do mesmo ano.

O texto, em forma de poesia, é composto por quatro estrofes e um estribilho, que são os versos repetidos ao final de cada estrofe. O eu poético é a princesa, personificação da cidade, referência à Maria Ana D’Áustria, esposa de Dom João V, de quem Mariana recebeu o nome.

A primeira estrofe retrata uma princesa/cidade desolada, sobre um solo dorido, referência clara a exploração mineral, que tem saudades dos seus tempos de glória. O último verso dessa estrofe diz o seguinte: Chorando o passado, esperando o porvir! Percebemos uma princesa/cidade que não vive o presente, seus olhos estão voltados para o passado e para o futuro.

O estribilho faz uma referência ao ambiente religioso, às litanias (ladainha), que embala o sono dessa princesa/cidade que vive de mortas alegrias e está sempre a sonhar. Continua com os olhos fitos no passado e não vive a realidade presente.

Na terceira estrofe, como nos Contos de Fadas, surge a imagem da princesa adormecida no bosque. A princesa/cidade é acordada e, nesse momento, questiona a interrupção do seu sono, alegando que é uma princesa sem trono, ou seja, uma cidade sem riquezas, sem poder.

Na quarta estrofe, inicia-se uma reviravolta na vida dessa princesa/cidade. Os elementos que surgem indicam coisas positivas: uma noite clara, um céu coberto de estrelas, a nossa auriflama (bandeira). Tudo é esperança e a princesa/cidade, vivendo esse momento presente, vê um futuro melhor.

Por fim, na última estrofe, a princesa/cidade está muito diferente daquela do início do texto, uma onda de otimismo e ânimo faz com que ela sinta no peito áureos brilhos e recupere suas riquezas, seu poder. E, nesse momento, é revelado quem acordou a princesa/cidade, e, para a surpresa de todos, não foi nenhum príncipe encantado com um beijo de amor verdadeiro, foi o povo.

Aos doces afagos da voz dos meus filhos,

Mais bela que outrora eu irei ressurgir.

Esse desfecho está totalmente inserido no contexto da escrita do texto, primeiros anos da Republica, mas serve também como lembrete para que nós, filhos de Mariana (naturais ou adotivos), nunca nos esqueçamos do nosso poder em fazer da nossa cidade um lugar melhor.

Parabéns, Mariana, pelos seus 324 anos!


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