Nos aproximamos da primavera, uma das épocas mais bonitas do ano em função do florescer das plantas e da exuberância do entardecer tropical. Em Mariana, o espetáculo é ainda mais deslumbrante: ver o sol se pôr entre os casarios históricos é uma cena emocionante, de tirar o fôlego.
A estação das flores traz, também, muito calor e o retorno das chuvas que lavam as janelas e a alma. O calor que ora sufoca, ora acalenta é rotina, mas este ano ele vem se mostrando como uma esperança.
Em meio à pandemia do novo coronavírus, testemunhamos as dúvidas e incertezas percorrerem boa parte dos indivíduos - desde os cientistas mais experientes até as crianças - e dos campos da sociedade.
Contudo, no meu dia a dia venho ouvindo uma afirmação recorrente: “este calor vai acabar com o vírus”, “a transmissão do vírus vai diminuir no calor”, “pode ser que o calor ajude a acabar com a pandemia”... afirmações que vêm de diversas pessoas, porém a origem é a mesma: esperança.
Não há respaldo científico que comprove que as altas temperaturas vão amenizar a pandemia, inclusive temos visto índices elevados de transmissão e contágio da doença em cidades e estados que têm altas temperaturas o ano inteiro.
Porém, não faço uma crítica àqueles que veem na primavera a solução. É difícil não se emocionar com o desabrochar dos ipês, hibiscos, orquídeas… é difícil ver a natureza em sua mais rica manifestação e não se conectar com a resiliência da mãe Terra.
É importante que, mesmo com esperança e fé, possamos nos manter em segurança, fazer a manutenção da saúde e persistir nos protocolos de proteção e higiene pessoal. Entretanto, pelo bem da saúde mental e do bem estar coletivo, é necessário acreditar que podemos mudar o normal e que dias melhores virão.
Eu, pessoalmente, sorrio quando vejo a confiança e as perspectivas nos olhos de nosso povo. Sinto a coragem, a alegria, a conexão com o tempo… e assim me fortaleço, não pelo que está em mim, mas pelo que está em nós.
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[Este texto foi produzido pela jornalista Júlia Souza, não sendo de redação do Portal da Cidade e, deste modo, pode não representar as opiniões da empresa.]
