Semana dos namorados, vejo meus amigos e colegas nas redes sociais resmungando sobre a data antes mesmo de ela chegar. Páginas e mais páginas de humor falando sobre, lojas e sites vendendo os seus produtos online, “coaches” ensinando àqueles que desejam “a arte da conquista”... vejo falas e mais falas diferentes vindas por todos os lados, mas que na verdade produzem uma única voz em uníssono: "VOCÊ PRECISA DE ALGUÉM PARA SER FELIZ".
Tudo bem, é muito bom dividir a vida com um enamorado, sem dúvida. Mas projetar no outro a nossa necessidade? Transformar um terceiro em único responsável pela entrada (e consequente saída) de alegria em nossa vida? Seria essa postura um modo saudável de viver?
Ao fazer esses questionamentos eu não me ancoro em clichês, me questiono legitimamente o que pode significar entregar nas mãos de alguém - mesmo que não seja um parceiro romântico - o nosso destino e acontecimentos de nossa vida.
Na pequenez de meus vinte e poucos anos eu já notei muitas pessoas falando tanto “se eu não tivesse feito tal coisa…” ou “a culpa da minha vida estar de tal jeito é da minha mãe/pai/irmão/namorado/filho/marido/esposa... por quem eu dediquei a vida e agora estou assim” ou ainda “eu larguei tudo na MINHA vida para fazer tal coisa por fulano e não recebi nada em troca…”.
Pois muito bem, no momento em que abdicamos de um elemento muito importante no nosso ser e na nossa vivência, a chamada AUTOnomia, nós perdemos a capacidade de regular e de tomar frente do que nos acontece… mas isso não isenta a responsabilidade do EU, muito pelo contrário. Se EU permito o TU, a responsabilidade pelo que me acontece é minha que permiti e não dele que foi permitido. Divagações.
Tudo isso só para dizer que existe sabedoria em saber se namorar. Não, a companhia dos outros não é descartável. Não, não disse que nós não precisamos de ninguém pra ser feliz. Mas sim, precisamos conseguir olhar para nós mesmos e estabelecer limites para até onde vamos e até onde o outro pode ir em nós.
A sabedoria de saber se namorar está muito além de rejeitar pessoas tóxicas ou de fazer um skincare e assistir nossa série favorita… ela se conecta com as nossas necessidades e sonhos verdadeiros, com o nosso potencial de ser e atrair o que precisamos. Não nos vale desejar um jardim florido em nossa casa, se nela não houver terra. Seja, antes de “somos”.
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[Este texto foi produzido pela jornalista Júlia Souza, não sendo de redação do Portal da Cidade e, deste modo, pode não representar as opiniões da empresa].
