O que é ser pai? Eu queria encontrar essa resposta em cada olhinho que olhei. Exaltamos tanto a maternidade, mães, mulheres de garra e fibra, mas e a paternidade? Será tão óbvio perguntar por que é tão difícil falar sobre eles?
Planejávamos contar histórias marcantes dos pais com seus filhos, mas às vezes quando a pauta cai e o tema é necessário, é preciso ir além. Então hoje, domingo, “Dia dos pais”, eu quero parabenizar você mãe, que cumpriu com excelência os dois papéis. Que criou cidadãos honestos, pessoas de caráter e não desistiu nas tempestades que a vida te trouxe. Quero parabenizar você pai, que não enxergou o cuidado com o filho apenas como uma obrigação porque precisa, mas que esteve ao lado quando ele chorou, quando ele sorriu, quando adoeceu e você cuidou. Que não apenas tomou como um fardo a responsabilidade do sustento, mas que se doou para a construção de um alguém, seu filho.
Eu vi crianças que com uma dor transparecendo nos olhos diziam ter um relacionamento “mais ou menos” com o pai. Também vi aquelas que sabiam encontrar o lado bom das coisas simples, crianças tem mesmo esse potencial, de se alegrar com a simplicidade, algo que é desejável que aprendamos com elas.
Ser pai é segurar nas mãos do filho e ajudar a vencer os medos. “Quando eu fui para Guarapari, fomos a praia e eu estava com medo, mas ele me colocou nas costas e a gente nadou juntos”, relata C., 10 anos. É também compartilhar com os filhos suas dificuldades e permitir que eles cresçam através delas. “Quando meu pai perdeu o emprego, eu fiquei com ele o tempo todo. Para mim ele é um diamante”, completa.
Ser mãe, em alguns casos é também ser pai. É assumir o amor que carrega pelo filho e lutar por ele. R, de 9 anos, não cresceu com o pai, mas vê na mãe a força de quem supre esse papel. “Eu não tenho pai, posso falar da minha mãe? O momento que eu mais gostei que vivi com a minha mãe foi quando a gente viajou e também quando ela me trouxe para o parquinho. Fomos a Vitória, brincamos na praia, fizemos castelo de areia”, afirma ele.
Não só de responsabilidades e compromissos inadiáveis a vida se faz, as vezes é preciso parar um pouco e desfrutar de momentos que fazem a vida valer a pena. P.J, 9, se lembra com carinho de momentos que vive com o pai: “Quase todas as semanas vamos pescar juntos, vamos ao clube, mas o mais legal que fizemos juntos foi ir a praia. Pegamos a prancha, começamos a surfar”.
As crianças sabem que o mais importante não é o que o dinheiro pode comprar, mais do que presentes, precisam de pais com presença. Reginaldo tem 48 anos e 3 filhos. Apesar de trabalhar muito, considera que conseguiu acompanhar bem a infância dos filhos, era conselheiro no colégio e sempre frequente nas atividades da escola. A história da família é marcada por uma viagem a Aparecida do Norte para pagar uma promessa. Quando o filho que hoje tem 26 anos tinha 20, caiu de bicicleta na Serra da Piedade em Caeté, ficou 26 dias internado, sendo que 9 deles foi em coma. “Ele faz dois aniversários no ano, esteve morto, foi Deus mesmo”, se emociona o pai.
O “Dia dos pais” é celebrado em outros países em outras datas, isso nos leva a ver que não é sobre separar um dia do ano, mas sobre aproveitar quem está ao nosso lado todos os dias. Fazer de todos os dias um dia de comemoração junto de quem amamos. As datas comemorativas são diretamente relacionadas a nossa cultura, cultura essa que ensina aos homens que basta prover sustento e cumprido está o papel, ou até mesmo que a paternidade está ligada a autoritarismo ou a possibilidade de ausência. No entanto, criar alguém é um ato feito de presença, não apenas física, mas de se fazer presente na vida do filho com aquilo que se é, compartilhar sonhos, lágrimas, risos, erros, fracassos e mais do que isso, estar ao lado no processo de crescimento, proporcionar estrutura não apenas financeira, mas emocional.
Seja você o abraço que o seu filho precisa. O Portal da Cidade deseja a todos um feliz “Dia dos pais”.
