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8 anos

Comissão de atingidos fará coletiva de imprensa

Desde 2015, as pessoas atingidas de Mariana lutam para a reparação integral dos danos sofridos e o restabelecimento de suas condições de vida.

Publicado em 30/10/2023 às 09:20

Comissão dos Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF) traça um balanço sobre a situação das pessoas que foram e estão submetidas a graves violações de direitos humanos em uma coletiva de imprensa (Foto: Corpo de Bombeiros-MG | Crédito: Corpo de Bombeiros-MG)

Em 5 de novembro, completamos oito anos do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, o maior crime socioambiental do Brasil. Nesse marco, a Comissão dos Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF) traça um balanço sobre a situação das pessoas que foram e estão submetidas a graves violações de direitos humanos em uma coletiva de imprensa, a ser realizada no dia 1º de novembro, quarta-feira, às 10h, na Casa de Cultura de Mariana.

A ruptura da barragem da mineradora Samarco (e suas acionistas Vale e BHP Billiton) devastou comunidades inteiras, matou 19 pessoas e deixou um rastro de perdas e danos nas vidas de milhares de famílias. Desde 2015, as pessoas atingidas de Mariana lutam para a reparação integral dos danos sofridos e o restabelecimento de suas condições de vida. São profundas as alterações provocadas pelo contexto de um desastre-crime dessa magnitude, que obrigou pessoas de comunidades rurais a se mudarem para a vida urbana, que as inundam de tarefas indispensáveis para a reorganização dessas vidas já atravessadas por tamanha violência.

O reassentamento das comunidades arrasadas pela lama foi uma conquista dos atingidos e atingidas, mas a morosidade como ainda é conduzido o processo provoca frustração e incerteza quanto ao futuro. Foram recorrentes as alterações dos prazos para a conclusão dos reassentamentos e tais descumprimentos jamais foram judicialmente penalizados. Nesse sentido, muitas pessoas morrem sem vivenciar a reparação integral e ter de volta suas casas. Muitas das entregas de chaves realizadas neste ano são de casas com avarias.

Ainda é preciso destacar que os reassentamentos não respeitam integralmente o modo de vida das comunidades assoladas pela lama. As pessoas atingidas, em sua maioria, plantavam e colhiam seus próprios alimentos, sem a utilização de agrotóxicos, criavam animais para consumo, pescavam nos rios, coletavam lenha, plantas medicinais e madeira nas matas e, frequentemente, trocavam alimentos entre a vizinhança, familiares e amigos. O modo de vida rural mantido por essas comunidades garantia diversidade e acesso a alimentos saudáveis de qualidade conhecida e, também, a autonomia das famílias. Tudo isso foi soterrado por uma onda de rejeitos que se arrasta pelo tempo.

Atualmente, além do alto custo dos alimentos nos centros urbanos, da procedência e da qualidade são duvidosas e desconhecidas. Mesmo nos reassentamentos, não é possível prever o retorno dos modos de vida, tendo em vista a declividade dos terrenos e a falta de acesso à água bruta. Ou seja, os impactos causados pelo rompimento da Barragem de Fundão implicam, ainda, uma perda imensurável da soberania e segurança hídrica e também alimentar, que antes existia nas comunidades atingidas.

Acostumadas com água em abundância e com uma relação intrínseca com o Rio Doce e seus afluentes, as famílias utilizavam água bruta de córregos, lagos e nascentes. Agora, sem o manejo correto e completo dos rejeitos, é inviabilizado o uso do recurso hídrico, essencial para a retomada econômico-produtiva e garantia do direito à moradia.

Para além dos territórios dilacerados, das histórias e relações interrompidas, da imposição de uma nova rotina e da experiência de uma vida deslocada e suspensa, os atingidos e atingidas pelodesastre-crime enfrentam um contexto hostil ao acolhimento da sua presença e de seus esforços de reivindicação de direitos.

A Comissão dos Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF), formada ainda em novembro de 2015, é fundamentada na luta pelos direitos dos atingidos de Mariana. Ao longo dos anos de atuação, seu alcance se ampliou, e a CABF se tornou referência na busca pela reparação integral dos crimes cometidos pela mineração. Ainda hoje, um dos desafios enfrentados pela Comissão é o fato de vários núcleos familiares terem pessoas que não são reconhecidas como atingidas, assim como comunidades inteiras também sofrerem com isso e se verem totalmente alheias à reparação.



Serviço

Coletiva de imprensa dos oito anos do rompimento da Barragem de Fundão – Mariana | Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF)

Organização: Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais | Assessoria Técnica Independente Mariana (MG)

Data: 1º de novembro – quarta-feira – 10h

Local: Casa de Cultura de Mariana – Rua Frei Durão, nº 84, Centro, Mariana (MG)

Credenciamento da imprensa

Favor confirmar a participação na coletiva de imprensa até 30 de outubro, próxima segunda-feira, às 15h, com o envio dos seguintes dados para o e-mail acentuecomunicacao@gmail.com: veículo, nomes dos profissionais responsáveis pela cobertura, documento, telefone e e-mail para contato.

Transporte para imprensa de BH – Mariana

Será disponibilizado transporte para a imprensa da capital Belo Horizonte para a coletiva em Mariana. É essencial fazer o credenciamento e a confirmação prévia via assessoria de imprensa (impreterivelmente até 30 de outubro, próxima segunda-feira, às 15h).

Saída de BH:

Data: 1º de novembro – quarta-feira – às 7h30 (manhã)

Local: Praça José Mendes Júnior, Funcionários, próximo à Casa Fiat de Cultura

Retorno a Belo Horizonte logo após a coletiva.

Assessoria de Imprensa - Acentue Comunicação

E-mail: acentuecomunicacao@gmail.com

Ana Paula Martins: (31) 98916-8443

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