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Barragem

Vale detecta anomalia em dreno de barragem de Ouro Preto

Segundo a mineradora, não foram verificadas alterações na condição da estrutura. Forquilhas III está em nível de emergência 3, o mais alto, desde 2019.

Publicado em 05/04/2024 às 09:02

Uma fiscalização está prevista para esta sexta-feira (5) e, na próxima semana, a ANM e outros órgãos públicos realizarão diligência "para averiguar os resultados dos trabalhos". (Foto: Barragem Forquilha III — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro e Karina Almeida/G1)

A Vale identificou uma anomalia em um dreno da barragem Forquilha III, em Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais. A estrutura está em nível 3 de emergência, o mais alto, desde 2019.

A anomalia, detectada no dia 15 de março, consiste no acúmulo de material sedimentado, de coloração acinzentada, na saída do dispositivo de drenagem, localizado no primeiro alteamento da barragem. Segundo a mineradora, não houve alteração nas condições da estrutura.

A reportagem teve acesso a uma nota técnica elaborada pela consultoria Aecom. De acordo com o documento, esse dreno apresenta histórico de saída de material ao longo dos anos, mas a ocorrência atual "é inédita no sentido de que o material observado é distinto do verificado nas ocasiões anteriores, tratando-se, claramente, de material que contém minério de ferro em fração muito fina".

"A anomalia consistiu na observação de material de coloração cinza na tubulação do dreno e na canaleta onde o dreno deságua", diz um trecho.

Na nota técnica, assinada em 21 de março, a consultoria recomendou à Vale a paralisação de todas as atividades realizadas na barragem até a conclusão do diagnóstico da situação atual.

"Somente as atividades atreladas ao monitoramento da estrutura e ao diagnóstico da situação dos drenos deverão ser mantidas por meio de acesso assistido", diz outra passagem.

Fiscalização

A Agência Nacional de Mineração (ANM) já realizou duas inspeções na mina de Fábrica, onde fica a barragem, desde a detecção da anomalia, nos dias 19 e 22 de março.

Na última, foi verificado que ainda havia um volume pequeno de sedimento saindo pelo dreno, mas a porção líquida apresentava "turbidez insignificante", o que, de acordo com a ANM, "afasta a hipótese de agravamento imediato da situação da barragem".

A Agência informou que acompanha a execução do plano de ação elaborado pela Vale para o tratamento da anomalia, por meio de reportes técnicos diários encaminhados pela mineradora.

Uma fiscalização está prevista para esta sexta-feira (5) e, na próxima semana, a ANM e outros órgãos públicos realizarão diligência "para averiguar os resultados dos trabalhos".

O consultor de geotecnia de barragens Gerson Campera analisou que a anomalia verificada tem relação com o "mau funcionamento" da passagem de água pelo dreno.

"Se ocorre uma obstrução na região onde está o dreno, ocorre acúmulo de água, o que pode gerar sobrecarga no barramento", explicou.

Condições inalteradas

Em nota, a Vale destacou que a anomalia foi encontrada em um de um total de 131 dispositivos de drenagem e que os instrumentos de monitoramento da barragem "não acusaram alteração nas suas condições". A estrutura é monitorada 24 horas por dia.

"A Vale, prontamente, comunicou aos órgãos competentes e à empresa de auditoria técnica independente, que acompanha as ações na estrutura, e desenvolveu um plano de ação já em implantação para correção da ocorrência", declarou.

A empresa disse ainda que a Zona de Autossalvamento da barragem – área em que não há tempo suficiente para intervenção das autoridades em situações de emergência – está evacuada desde 2019.

Ainda segundo a mineradora, em 2021, foi concluída a construção de uma estrutura de contenção capaz de reter os rejeitos, em caso de rompimento.

A barragem

A barragem Forquilha III é uma das três em nível 3 de emergência em Minas Gerais – a Sul Superior, em Barão de Cocais, também da Vale, e a da mina de Serra Azul, da ArcelorMittal, em Itatiaiuçu, estão na mesma situação.

A estrutura, localizada na mina de Fábrica, em Ouro Preto, tem 77 metros de altura e armazena 19,4 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Ela está em processo de descaracterização, com previsão de conclusão em 2035.

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