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Coronavírus

Entrevista exclusiva com o diretor da Unidade Prisional de Mariana

O Portal da Cidade entrevistou Ronilson Dantas, diretor da Unidade Prisional de Mariana para saber mais informações acerca dos casos da doença no presídio.

Publicado em 17/08/2020 às 04:30
Atualizado em

Presídio de Mariana (Foto: Imagem cedida por Ronilson Dantas)

Após uma testagem em massa no município de Mariana, foram identificados 57 casos confirmados do novo coronavírus na população carcerária da unidade prisional de Mariana.

Em busca de maiores informações, o Portal da Cidade entrevistou Ronilson Dantas, diretor da unidade. Confira a entrevista exclusiva:

Portal: Qual o número total de detentos do presídio?

Ronilson: “Atualmente estamos com cento e trinta detentos na unidade prisional. A grande maioria deles pertence à comarca de Mariana, mas alguns são dos distritos.”

Portal: Qual é, atualmente, o número de casos confirmados de COVID-19 entre os detentos? E qual porcentagem dos detentos esse número representa? 

Ronilson: “O total de confirmados na testagem da última semana foi de cinquenta e sete detentos. A porcentagem desses detentos confirmados gira em torno de 43%.” 

Portal: Os pacientes estão apresentando sintomas ou recebendo algum tratamento? Se sim, quais? Se não, caso haja necessidade eles receberão assistência de que forma?

Ronilson: “Os detentos que tiveram diagnóstico positivo para coronavírus não foram caracterizados como doentes, porque todos os casos são assintomáticos e eles não apresentaram nenhum tipo de sintoma relacionado à enfermidade. Caso eles venham a apresentar alguns dos sintomas, nós temos um protocolo para atendimento.

Foi feita uma parceria junto à Secretaria de Saúde Municipal, por meio de uma assistente social voluntária, que nos disponibilizou, inicialmente, os testes. E após as testagens positivas, foi iniciado o protocolo municipal para lidar com os casos.

Se algum detento, porventura, apresentar algum dos sintomas e necessitar de atendimento médico, nós temos uma triagem - com dois técnicos de enfermagem - e temos atendimento especializado semanalmente na unidade.

Então, caso apresente algum sintoma ele vai passar pela nossa triagem e, se necessitar de atendimento emergencial, imediatamente o detento será conduzido para a secretaria de saúde, que é a referência maior para atendimento.

Portal: Qual a periodicidade das testagens realizadas nos presídios de Mariana?

Ronilson: “Até então nós já tivemos duas testagens, tivemos uma primeira testagem no dia 10 de junho - na qual não tivemos nenhum caso positivo para o novo coronavírus - e na penúltima semana nós fizemos testes novamente e tivemos esse índice, de cinquenta e sete casos.

Há uma previsão para o próximo dia 18, para a realização de uma nova testagem nos presos que haviam apresentado o resultado negativo. O que virá para lidar com as possibilidades de falso negativo, já que o teste pode apresentar resultados subjetivos em função da data de contágio.”

Portal: Há uma superlotação no presídio atualmente? Se sim, por qual razão?

Ronilson: “Não há uma superlotação no momento. Inclusive, desde que a nossa gestão chegou aqui, no atual momento nós estamos com o menor número de detentos registrados. Nós temos a capacidade de abrigar cento e vinte e, presentemente, abrigamos cento e trinta detentos.

Logo, estamos dentro da capacidade e dentro do percentual aceitado. Inclusive, as celas estão com as camas ocupadas e não há ocupação em seu espaço externo, todos os detentos têm suas respectivas camas e estão adequadamente alocados. "

Portal: Se o fechamento da Unidade Prisional de Itabirito - que pode ser o motivo para uma possível superlotação do presídio - se deu em função do risco de rompimento das barragens da Vale, houveram ações propostas pela empresa, para melhora na infraestrutura, nas condições de estadia dos encarcerados e de suporte às famílias? Se sim, quais?

Ronilson: “Na verdade, esse diálogo não ocorre diretamente com a unidade prisional. Tendo em vista que nós somos uma unidade estadual, todas as tratativas são realizadas diretamente com a esfera superior, junto ao estado. Caso haja alguma proposta de ação, ela poderá reverberar na unidade prisional de Mariana, mas não é feita diretamente conosco ou com o município.

Portal: Quais foram as medidas de controle de disseminação da COVID-19 empregadas pela unidade prisional de Mariana?

Ronilson: “Desde que surgiu essa circunstância de pandemia, já havia um plano preventivo para a disseminação da doença. O estado como um todo tem um protocolo para a adoção neste momento, independentemente de apresentação ou não de casos, em cada unidade em específico.

Na unidade de Mariana, foram adotados todos os procedimentos desenvolvidos no protocolo do estado - como distribuição de máscara para todos os servidores e todos os detentos; a distribuição de álcool em gel; a desinfecção semanal das celas (tanto interna quanto externamente), das viaturas de transporte, das dependências em geral, entre outras ações - então todos os trâmites solicitados foram adotados. Inclusive as próprias testagens foram preventivas, porque a primeira testagem não apresentou casos confirmados.

Nós seguimos imbuídos na ideia de continuar a manutenção das testagens para realizar o monitoramento adequado desses detentos.

Portal: O senhor poderia apontar uma possível causa para a contaminação em massa dos detentos?

Ronilson: “Essa questão não pode ser respondida com exatidão, existem vários fatores que podem culminar na transmissão do vírus. As visitas externas, que seriam uma possível fonte de contaminação, foram suspensas com o começo da pandemia.

A cidade em si já demonstra transmissão comunitária e um alto índice de casos confirmados. Há uma especulação muito grande com relação aos servidores, mas eles adotam as medidas preventivas e estão sendo testados.

Os detentos não recebem visitas mas recebem marmitex e objetos para uso interno e, segundo a Organização Mundial da Saúde, o vírus pode permanecer em superfícies por várias horas ou dias. O detento pode receber um papel para assinar e o vírus estar ali. Então, mesmo com o contato restringido, temos essa possibilidade.

Portal: O senhor poderia falar mais sobre as testagens?

Ronilson: “Essa testagem é realizada em massa, quando ela acontece ela passa desde a minha pessoa - que sou diretor do presídio - até o último detento da última cela. Passa também por todos os funcionários, sem exceção.

Para saber mais informações sobre o coronavírus e a situação de saúde no município, acesse o site da Prefeitura de Mariana. Você pode se informar, também, pelo Whatsapp Responde - Secretaria de Saúde pelo número: +55 31 9712-4008


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