A lenda que sai para a rua: na madrugada deste sábado (30), dezenas de pessoas se reuniram no Centro Histórico de Mariana para se vestirem com túnicas brancas e caminharem em procissão segurando uma vela. Há mais de 30 anos, os integrantes cantam e tocam marchas fúnebres no trajeto entre a Arquiconfraria de São Francisco e a Igreja de São Francisco de Assis na chamada Procissão das Almas. A tradição diz que um morto vaga entre os vivos todos os anos.
Ana Cláudia Rôla é uma das organizadoras do evento e diz que esse é um dos patrimônios imateriais da Primaz. “A Procissão das Almas é a representação de duas lendas, esse patrimônio imaterial precisa ser preservado”, frisa. A atração é promovida pelo Movimento Renovador de Mariana e pela Casa de Cultura Academia Marianense de Letras, também com o apoio da Prefeitura Municipal. Esse ano, cerca de 70 pessoas acompanharam o cortejo.
Lendas
Uma das histórias diz que uma senhora chamada Maricota, gostava de ficar na janela para vigiar a vida alheia. Certa noite, na madrugada de Sábado Aleluia, viu uma procissão na rua e foi bisbilhotar. De repente, um dos integrantes veio em sua direção, disse que a noite é dos mortos e pediu para guardar a vela dele. Quando retornou, a vela havia se transformado em osso. Maricota morreu de susto.
A segunda lenda remete a uma beata, que, enciumada, disse que uma jovem da comunidade era namorada do padre. Diante da fofoca, a moça foi expulsa de casa e morreu como andarilha. No dia do velório, sem saber de quem tratava, a beata compareceu. Então o defunto sentou no caixão e disse: está aqui quem me caluniou. Ao tentar se redimir, a beata confessou seus pecados e, como castigo, foi incumbida de juntar as penas de aves mortas para jogar no alto do morro. Ela ficou assim, até sua morte.