Com o objetivo de auxiliar aos marianenses a escolher quem estará à frente do Poder Executivo Municipal pelos próximos quatro anos (2021-2024), o Portal da Cidade Mariana conversou com os candidatos a prefeito de Mariana para saber sobre as suas principais propostas para a cidade sobre a economia, cultura, transporte público, políticas públicas de inclusão, entre outros assuntos.
Por isso, ao longo desta semana, estaremos publicando as entrevistas realizadas. É preciso ressaltar que o Portal da Cidade Mariana entrou em contato com todos os candidatos, no entanto, nem todos os postulantes não responderam ao pedido de entrevista.
A segunda entrevista é com a candidata Patrícia Ramos do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU). Na semana passada, a sua candidatura foi indeferida pela Justiça, no entanto, ainda cabe recurso.
Portal da Cidade Mariana: Qual eixo ou proposta se baseia a sua candidatura?
Patrícia Ramos: Nossa candidatura se baseia na organização da classe trabalhadora e do povo pobre da cidade a partir da criação de conselhos populares para que cada setor de trabalho, bairro e distrito se organize, discuta suas realidades e demandas, para que juntos decidamos, nos conselhos populares, o destino de 100% dos recursos da cidade. Recurso esse que ficará evidente depois de uma Auditoria Pública Popular das contas do município.
PCM: Qual é o maior desafio a ser enfrentado pelo próximo prefeito?
PR: Colocar verdadeiramente o povo trabalhador da cidade nas decisões da Prefeitura. Isso significa ouvir, dialogar e não impor as decisões que, muitas vezes, não condizem com a realidade e necessidade dos moradores. Por isso, os conselhos populares são importantes. Outro desafio é acabar com os privilégios políticos. Vamos propor a redução dos salários dos cargos políticos para igualar ao salário de uma professora do município.
PCM: Mariana sofre há muitos anos com a dependência econômica da mineração. Se eleita, de qual forma irá diversificar a economia da cidade que não seja por meio da mineração e o turismo?
PR: O pequeno comércio e a pequena agricultura precisam ser valorizados, já que eles empregam grande parte da população da cidade. Para isso, então, precisamos de garantir um Fundo de Amparo ao Pequeno Comerciante e Agricultor. A própria mineração pode destinar recursos para garantir essa diversificação econômica no município, para esse Fundo, mas também para o próprio turismo, considerando a potencialidade do município e os distritos.
PCM: Quais serão as principais ações para atender às demandas dos distritos e subdistritos de Mariana a fim de proporcionar mais qualidade de vida aos seus moradores?
PR: Nossa primeira ação, na cidade como um todo, será a de criar os conselhos populares por setores de trabalho e de bairros e de distritos, para que sejam levantadas as demandas mais urgentes das moradoras e moradores. Mas já temos como questões para levar para avaliação dos conselhos a questão da valorização da cultura e festividades de cada local, mas também das estruturas básicas de saúde e educação bem como o transporte para o centro da cidade.
PCM: Estão previstas ações para a melhoria do transporte público da cidade? Quais?
PR: Pretendemos, com a Auditoria Pública Popular, rever os contratos com a Transcotta e encerrá-los para criarmos uma empresa pública de transporte municipal, sob controle dos trabalhadores, com apoio dos usuários do serviço. Com isso, a proposta é aumentar as rotas, os horários e o número de pessoal também para não sobrecarregar as trabalhadoras e trabalhadores da empresa, a qual estará supervisionada no Conselho Popular.
PCM: Caso seja eleita, quais serão as ações desenvolvidas e priorizadas em seu governo na área da cultura? Como irá ajudar os artistas e artesãos locais?
PR: A valorização da cultura local é fundamental para estimular o sentimento de pertença da população à cidade e a educação precisa abarcar isso também. Vamos defender a proposta de Mariana seja reconhecida como Patrimônio Histórico Mundial. Queremos fortalecer os artistas e artesãos locais com lei de incentivo à cultura e que eles se auto-organizem, por isso, vamos apoiar as ações como Batalha de Hip Hop e os festejos dos distritos.
PCM: Em um possível governo seu, quais serão as políticas públicas voltadas à inclusão dos jovens, negros, pessoas com deficiência e membros da comunidade LGBTQIA+? Como será a participação desses grupos em seu governo?
PR: Queremos que as pessoas tenham acesso à cidade, sem perseguição ao povo negro e com espaços pensados para PCDs. Propomos uma política de combate às opressões, com campanhas educativas e que punam crimes de racismo, de LGBTfobia e de violência contra a mulher. Queremos fortalecer as pessoas dos setores oprimidos, com acesso à saúde, ao emprego e à educação inclusiva e que valorize a diversidade.
PCM: Qual é o seu alinhamento com as propostas do atual Governo Federal?
PR: Somos contra Bolsonaro e Mourão. Para a classe trabalhadora, esse governo representa ameaça às liberdades democráticas, com generais em todas as esferas de seu governo e reverência à ditadura; mas também, e principalmente, ameaça aos direitos mais básicos como saúde, com política genocida na pandemia; como emprego, com aprofundamento da entrega das empresas públicas para o setor privado internacional, vide a luta dos Correios.
PCM: Como você avalia o atual governo do Prefeito Duarte Jr.? Destaque pelo menos 3 pontos (favoráveis ou não) que podem ser vistos pelos eleitores como ponto de referência para a suas propostas.
PR: 1. Acovardamento para as grandes empresas da mineração, que ficou mais explícito quando ameaçou o emprego de diversos servidores da prefeitura para “chantagear” a Vale. 2. Transferência da Administração da cidade para a Renova, vide o Plano diretor. 3. Ataque aos serviços públicos e aos servidores públicos, com o Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos (PCCV), com demora para chamar concurso público, e com poucas vagas, e também com desestruturação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE).
Conheça a candidata
Patrícia Ferreira Ramos, 31 anos, é natural de Mariana. É formada em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e mestre pelo CEFET-MG, atuando como professora desde 2013. Atualmente, leciona na Escola Estadual Daura de Carvalho Neto, em Antônio Pereira.
Iniciou sua militância no PSTU, em 2017, a partir da greve da educação estadual. Desde então, ajuda a construir lutas importantes no município e região, como das trabalhadoras e trabalhadores da mineração e também educação, atuando como Conselheira (descompatibilizada) do Sind-Ute; em defesa das mulheres, pelo Movimento Mulheres Em Luta (MML); e no combate ao racismo.
* Texto enviado pelo candidato.
A candidata Patrícia Ramos disponibilizou ao Portal da Cidade Mariana o seu plano de governo. Para conhecê-lo CLIQUE AQUI.
Leia também a entrevista realizada com os candidatos Chico Veterinário e Roberto Rodrigues.
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