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Pesquisadores da UFOP integram estudo sobre expansão do mosquito Aedes

Mudanças climáticas e poucas áreas verdes favorecem expansão do mosquito Aedes em Ouro Preto e Mariana.

Publicado em 15/08/2020 às 05:15
Atualizado em

(Foto: Pixabay)

Um grupo de sete pesquisadores, dentre eles três da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) — Sérvio Pontes Ribeiro, Michelle Cristine Pedrosa e Maria Fernanda Almeida Brito —, e os outros da Universidade Estadual de Montes Claros, da Universidade Federal de Minas Gerais e da Fundação Ezequiel Dias, demonstrou que invernos mais quentes e poucas áreas verdes favorecem a expansão dos vetores de arboviroses, em destaque a dengue, nas regiões montanhosas de Minas Gerais. Esses aspectos resultaram no início e na expansão de casos de dengue em Ouro Preto e Mariana.

Os pesquisadores avaliaram as temperaturas de inverno e verão em Minas Gerais ao longo de 53 anos, de 1961 até 2014, para entender o padrão de mudança de temperaturas médias na região.

Isso porque a invasão das espécies de Aedes na década de 1980 e nos anos iniciais do século XXI ocorreu nos invernos mais quentes. A partir de 2007, também houve um período continuado de invernos quentes. De acordo com os dados das prefeituras, foi em 2007 o registro do primeiro caso de dengue em Ouro Preto.

Os mosquitos do gênero Aedes ocorrem naturalmente nas florestas brasileiras, mas apenas duas espécies conseguiram se estabelecer nas cidades, Ae. aegypti e Ae. albopictus.

Como as duas têm preferências distintas, entorno e dentro das residências e nas áreas arborizadas, respectivamente, as amostras para a pesquisa foram coletadas em locais que incluíram desde áreas totalmente arborizadas dentro das cidades até o centro densamente urbanizado.

Foram organizadas coletas de ovos, larvas, pupas e mosquitos em Ouro Preto, cidade mais elevada, e em Mariana, cidade mais baixa e sem casos locais até aquele momento.

AQUECIMENTO GLOBAL

Perceptível em Minas Gerais, o aumento nas temperaturas começou na década de 1980, chegando ao pico nos anos 1990 e 2000, com médias 1,3 graus centígrados mais quentes que nos anos 1960, segundo o estudo.

As temperaturas médias de inverno subiram mais, diminuindo a amplitude térmica sazonal, com diferença menor que 10% a partir de 1990 para a maioria dos anos.

Estudos dizem que a invasão do Aedes é possível quando ocorrem temperaturas acima de 21.3 graus centígrados por um certo número de dias consecutivos. Abaixo disso, ele não consegue estabelecer uma população viável.

A partir de 2007, os invernos permaneceram constantemente mais quentes, estando acima desse valor por vários dias consecutivos, o que criou a condição ecológica favorável para que os mosquitos proliferassem.

Entretanto, a dengue só se estabeleceu nos dois municípios cinco anos depois, detalhe importante para estudos sobre a dengue em outras regiões que tiveram aumento nas temperaturas anuais, em especial as de inverno. 

ÁREAS VERDES COMO PROTEÇÃO

Por muito tempo as áreas verdes próximas às cidades foram equivocadamente associadas à incidência de doenças tropicais. Atualmente, pesquisas apontam que as doenças tropicais, como a dengue, estão associadas ao descaso com terrenos baldios, à falta de saneamento básico e ao acúmulo de lixo.

Já as áreas verdes, quando bem cuidadas e manejadas e limpas, são desfavoráveis às diversas doenças, pois favorecerem espécies competitivas benéficas e predadores dos vetores de doença. 

Os pesquisadores usaram as duas espécies para entender o papel das áreas verdes na invasão de Aedes em Mariana e Ouro Preto. Como esperado, o Ae. aegypti foi favorecido por áreas urbanas adensadas e com pouca cobertura vegetal, enquanto o Ae. albopictus, que não transmite a dengue, estava presente em áreas mais verdes e abertas.

Ou seja, a distribuição bem definida das duas espécies pode exercer forte competição contra o Ae. aegypti em áreas verdes, o que pode contribuir para a diminuição dos casos de dengue em uma cidade com boa distribuição de parques, praças e jardins, desde que a limpeza urbana seja exemplar. 


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